segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Deputado americano gera revolta nos Estados Unidos ao dizer que um “estupro legítimo” raramente resulta em gravidez

Após uma extensa repercussão nas redes sociais, o deputado reconsiderou sua declaração, mas não suas convicções em relação à interrupção da gravidez


Ao condenar o aborto, o deputado republicano Todd Akin gerou revolta nos Estados Unidos ao dizer que um “estupro legítimo” raramente resulta em gravidez. As declarações do político em um país com 32 mil gestações anuais consequentes de violência sexual foram seguidas de centenas de críticas na internet por políticos democratas, organizações de direitos humanos e mulheres ofendidas com as afirmações.

Akin, que possui apoio do setor ultraconservador do Tea Party, declarou em entrevista ao canal KTVI neste domingo (19/08) que as mulheres possuem uma defesa biológica ao abuso sexual e reforçou sua oposição à prática do aborto, mesmo no caso de estupro.

“Me parece, conforme soube por médicos, que a gravidez resultante de estupro é rara”, disse ele. “Se é um estupro legítimo, o corpo feminino tem formas de se fechar para isso. Mas, vamos pensar que isso não funcione: eu acredito que deve existir punição, mas a punição tem de ser ao estuprador e não à criança”, explicou.

Uma de suas principais opositoras políticas no Missouri, a senadora democrata Claire McCaskill, respondeu em sua conta no Twitter que estava “chocada” com o posicionamento do republicano. “Como mulher e ex-promotora que cuidou de cem casos de estupro, estou chocada com os comentários do deputado Akin sobre as vítimas” de violência sexual, escreveu ela.

Após uma extensa repercussão nas redes sociais, o deputado republicano reconsiderou sua declaração, mas não suas convicções em relação à interrupção da gravidez. “Ao rever minhas observações, está claro que eu me posicionei mal nesta entrevista e que ela não reflete a empatia que eu sustento pelos milhares de mulheres que foram estupradas e abusadas todos os anos”, afirmou ele em um comunicado citado pelo jornal The New York Times. “Eu acredito profundamente na proteção de toda vida e eu não acredito que prejudicar outra vítima inocente é a coisa certa a ser feito”, acrescentou ele.

Os candidatos republicanos à Presidência, Mitt Romney e o vice Paul Ryan, se apressaram para distanciar as declarações do deputado de sua campanha. “O governador Romney e o parlamentar Ryan discordam com a afirmação de Akin. A administração Romney-Ryan não se oporia ao aborto em caso de estupro”, afirmaram em um comunicado citado pelo jornal norte-americano The New York Times.

Na tentativa de não provocar polêmica em plena corrida presidencial, o candidato à vice-presidência parece ter ignorado seu posicionamento radical contra o aborto. Paul Ryan defende a criminalização da prática em casos de estupro, incesto e até em risco de saúde da mãe. Para ele, a interrupção da gravidez em qualquer circunstância deveria ser ilegal, conforme informa o site Daily Beast.

Ryan co-patrocinou um projeto de lei que definia óvulos fertilizados como seres vivos que, caso passasse no Congresso, criminalizaria algumas formas de contracepção — como a pílula do dia seguinte — e de fertilização in vitro. A organização anti-aborto Comitê Nacional pelo Direito à Vida definiu seu desempenho como 100% em votações relacionadas ao tema no Congresso, desde que ele ingressou, em 1999. “Sou pró-vida até a alma”, disse Ryan à publicação conservadora Weekly Standard’s em 2010. “Vocês não terão trégua”, avisou o agora candidato a vice de Romney aos apoiadores do aborto.

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