Sáb, 29 de Agosto de 2009
Representantes de quatro entidades internacionais apresentaram, nesta sexta-feira (28), na 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg), em Brasília, uma análise da contribuição das Agências das Nações Unidas e de Cooperação Internacional no enfrentamento à criminalidade.
A primeira experiência foi relatada pela representante do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), Júnia Puglia. Ela falou sobre o projeto "Cidades sem violência para as mulheres, cidades seguras para todos", implementado há três anos em Recife (PE). As mulheres são capacitadas para o debate sobre segurança pública e para combater a violência em espaços públicos e privados.
"É preciso dialogar com os governos e organizações em geral para a redução do problema da violência entre as mulheres. Mas é necessário ouvir a versão das mulheres sobre segurança, para que sejam desenvolvidas políticas públicas a partir de suas preocupações", disse Júnia.
O representante da Organização dos Estados Americanos (OEA), Alexandre Neto, chamou a atenção para o número de homicídios no Brasil. Segundo ele, enquanto a média mundial é de oito ou nove assassinatos para cada 100 mil habitantes, nas regiões da América Latina e Caribe essa taxa é superior a 15. Ele aponta o Canadá como o país mais pacífico do mundo, onde são registrados, ao longo do ano, 700 homicídios. Já no Brasil, o mesmo número de assassinatos ocorre em uma semana.
"O tema segurança pública é sempre prioridade para a população. Podemos perceber isso em qualquer pesquisa que se faça. Porém, não se fala de segurança pública nesse país como de saúde e educação. Por isso a necessidade de se formular uma política de Estado e não de governo para essa área", afirmou Alexandre.
A Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) salientou a importância da educação na prevenção da violência. Por meio de um projeto de cooperação técnica internacional com o Ministério da Justiça, a OEI desenvolve, desde 2008, atividades de ensino para detentos. A ação faz parte do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).
De acordo com Roberto Algarve, assessor especial da diretoria da OEI, os cursos devem atingir 40% das unidades prisionais do país neste ano. A meta é chegar a 100% em 2011. O projeto também está presente em outros países da América Latina, além de Espanha e Portugal.
No encerramento do painel, o representante da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), Nobuyuki Kimura, falou da parceria entre Brasil e Japão no policiamento comunitário. A experiência dos japoneses nessa área começou a ser utilizada no país em 1999, pela Polícia Militar de São Paulo.
O Pronasci ampliou a parceria, investimento em treinamento e cursos de formação para levar o policiamento comunitário a todos os estados que aderiram ao programa. Até 2007, 8.956 brasileiros estiveram no Japão e 2.353 japoneses vieram ao Brasil para viabilizar a troca de experiências.