segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O grito de Ana na campanha: Quebrando o Silêncio







No blog: http://www.pensaurb.blogspot.com/ que já vinha com a campanha “Doe um sorriso”, faz um paralelo e resolve participar de uma campanha contra violência, o que não deixa de ser um pedido de sorriso. Mas um pedido diferente, um sorriso constante, dentro dos lares e da vida das pessoas.
Venho hoje, por meio desta, escrever sobre violência. E nesta campanha, desejo doar corpo, alma e mente.
Ora, e não somos todos vitimas da violência? Sim caros leitores, somos todos vitimas de certas violências. Quem mora em São Paulo, percebe a violência visual e sonora, sem contar nas tantas outras violências. E é de uma, entre tantas outras, que venho comentar.
É a violência doméstica, íntima. A violência quando se dá dentro de casa, torna-se segredo, é muito raro comentar sobre essa violência, porque se torna comum, rotineiro.
A criança que sofre um abuso, não sabe que é incomum ser abusada. Nenhum de seus colegas comenta a respeito, com o passar do tempo, descobre a discrepância que é, e pela vergonha sofrida, não comenta, não denuncia. É um segredo, é entre ele e o agressor, falar sobre o assunto só reabre uma ferida antiga.
E não apenas casos de crianças, vimos há pouco tempo nosso digníssimo Dr. Abdelmassih ser desmascarado após constantes violências. Mas essa não era doméstica.
Não obstante a esse fato monstruoso, gostaria de compartilhar uma experiência própria: meus pais se separaram muito cedo para mim, e talvez muito tarde para eles, enfim, o caso é que minha mãe resolveu casar-se novamente. Fico feliz que ela tenha recomeçado a vida, o que eu mais quero, e queria na época, é a felicidade dela. Após alguns meses, como é natural, meu padrasto veio morar conosco. Até então não achei ruim, tentei prezar o companheirismo entre nós. Comigo o companheirismo realmente prevalecia, mas aquele homem cometeu uma violência diferenciada para comigo, por vezes que não sei dizer quantas, ele espancava minha mãe. A violência já não era apenas contra ela, era contra mim, me tornou uma criança cheia de medos e traumas. Houve vezes que minha mãe ia para o hospital, outras ela se tratava em casa mesmo. Pergunto-me sempre: que direito ele tinha sobre minha mãe? E que direito ela o deixava ter?
Não sou religiosa, mas por motivos próprios, li um livro chamado “Quem me roubou de mim” do Padre Fabio de Melo, nesse livro ele fala das inúmeras formas de sequestro que uma pessoa pode fazer com outra pessoa. Uma delas é a mais conhecida o sequestro de corpo, mas existe a de alma. Aquele que o agressor aprisiona a outra por medo ou chantagem. Era o meu caso, era o caso da minha mãe.
Certas marcas ficam para sempre. Imagens que eu não vou esquecer, mas não faço delas imagens de lamentações, vejo nelas força para lutar contra a violência doméstica, a violência contra as mulheres.
Vamos quebrar o silêncio!
Fonte: Blog "Pensamentos Urbanos"

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