Nos dois primeiros meses de 2010 o Disque Direitos Humanos de Minas Gerais registrou um aumento de 150%, em relação aos dois primeiros meses de 2009, nas denúncias de violência contra a mulher. Segundo a matéria veiculada no Portal Uai do dia 04/03/10, esse disque denúncia tem sido usado com mais frequência pelas mulheres, especialmente após a iniciativa do governo mineiro de se empenhar na luta contra toda forma de violência contra a mulher lançando em 2008, a Campanha “Fala Mulher”.
Segundo o site da Anistia Internacional, em fevereiro três mulheres na Malásia foram açoitadas dentro da prisão com varas como castigo por terem cometido adultério. No Yemen, segundo um relatório também da Anistia Internacional do dia 25 de novembro de 2009, as mulheres sofrem sistemáticamente violência doméstica e descriminação. O relatório acusa as leis yemenses e a prática tribal local de considerar a mulher como segundo plano.
No mundo centenas de mulheres são vítimas das diversas formas de violência de gênero. Violências que vão da agressão psicológica à queimaduras com ácido, como acontece nas regiões tribais do Paquistão. Essa violência não se limita a níveis de escolaridade, níveis sociais, a países pobres, em desenvolvimento ou desenvolvidos. É uma violência, que como um câncer, está e todos os lugares.
O aumento de 150% nas denúncias de violência contra a mulher em Minas Gerais se deve especialmente à campanha “Fala Mulher”. Acredita-se que em reação à campanha veiculada e a confiança que a rede de proteção à mulher tem conquistado, as mulheres estão denunciando as agressões com confiança e esperança de uma solução. Devido às leis islamicas da sharia e os costumes tribais, as mulheres da Malásia e do Yemen não tem a oportunidade que a mulher brasileira, não somente a mineira, hoje possui de denunciar e se refugiar em estruturas estaduais e não-governamentais em busca de um fim para a violência que sofrem.
É bem certo que muito há o que se fazer para atender as regiões distantes do país, para prevenir a agressão, para impedir que o agressor cumpra as ameaças, mas nada comparado ao que as yemenses e malasianas estão sofrendo nesse momento. Para que a lei seja experimentada, para que possa haver mudanças e melhorias na luta contra toda a forma de violência contra a mulher, as brasileiras tem que denunciar seus agressores. Há que se estimular a consciência da não-tolarância a esse tipo de violência.
A violência doméstica, especialmente, é um ciclo que deve ser quebrado pela mundança de comportamento gerada pela mudança de pensamento. A mudança do olhar do homem-agressor sobre a mulher deve ser estimulada de forma a evitar a violência como opção na resolução de conflitos conjugais. O álcool e as drogas são, em certos agressores, tecla de acionamento dessa violência direcionada a mulher. Há muito o que se fazer mas se não houver a denúncia para que o Estado seja acionado haverá poucos avanços e o medo, a violência e a impunidade dos agressores ainda estarão presentes na vida de centenas de mulheres.
André Silva
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