quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Um crime, uma mulher e três violências

Essa semana, na Serra do Cipó, região turística de Minas Gerais, um casal foi vítima de roubo seguido de morte - conhecido como latrocínio. Conforme a matéria abaixo, do dia 09/01, veiculada no Portal Uai , eles foram rendido por dois assaltantes em uma moto enquanto contemplavam o pôr do sol. Os dois foram roubados, assassinados a tiros e o carro foi queimado. 

Após a prisão dos autores, um deles confessou que estuprou a mulher antes de executá-la. Esse triste episódio é um caso concreto do que é a violência contra a mulher pela condição de ser mulher. Esse tipo de violência não está associada à nenhuma relação de afetividade ou convívio familiar, se estivesse seria considerada violência doméstica ou intrafamiliar contra a mulher. 

Esse crime se assemelha ao estupro de mulheres em áreas de conflito (Stop Rape Now ) onde a violência sexual faz parte a estratégia e da opressão do lado dominante. Dentro dessa relação de dominador e dominado, a violência sexual é consequência da violência de gênero onde a  mulher sofre agressão por ser mulher e estar subjugada.

No caso desse crime ocorrido na Serra do Cipó, o sadismo e a barbárie dos assaltantes resultaram primeiro na violência de gênero, pelo estrupo por consequência da condição de dominação a que a vítima foi submetida, e em segundo na violência contra a mulher de uma forma geral pois esta depende somente que a vítima seja do sexo feminino.

André Silva

O documento final da Convenção de Belém do Pará, organizado em cinco capítulos e 25 artigos, afirma:
“entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada (artigo 1º)”.

Definições de três tipos de violências segundo a Lei Maria da Penha:


Violência contra a mulher - é qualquer conduta - ação ou omissão - de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher e que cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode acontecer tanto em espaços públicos como privados.


Violência de gênero - violência sofrida pelo fato de se ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade ou qualquer outra condição, produto de um sistema social que subordina o sexo feminino.


Violência sexual - acão que obriga uma pessoa a manter contato sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais com uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade pessoal. Considera-se como violência sexual também o fato de o agressor obrigar a vítima a realizar alguns desses atos com terceiros.




Assassinos confessam estupro de advogada executada junto com namoradoHelton Moreira de Castro, de 19, admitiu o crime diante da imprensa durante a apresentação na manhã de hoje. Polícia investiga se há outro suspeito envolvido no caso

Publicação: 09/01/2014 13:26 Atualização: 09/01/2014 13:49



A advogada Lívia Viggiano Rocha Silveira, de 39 anos, foi estuprada pelos dois envolvidos no assalto que terminou com a morte da vítima e do namorado, o também advogado Alexandre Werneck de Oliveira, de 46 anos. A informação foi revelada em uma entrevista coletiva do delegado Wagner Pinto na manhã desta quinta-feira, quando os suspeitos foram apresentados. As vítimas estavam desaparecidas desde a última sexta-feira, quando deixaram a pousada onde estavam hospedados para visitar o mirante da Serra do Cipó, na Grande BH. Lá, eles foram abordados pelos dois assaltantes. 




Marcos Magno Peixoto Faria, de 25 anos, e Helton Moreira de Castro, de 19, foram detidos no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) Gameleira e prestaram depoimento na madrugada. O chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) informou que a dupla admitiu informalmente, nesta quinta-feira, ter estuprado a vítima. Durante a apresentação, Helton confirmou a informação aos jornalistas presentes. A polícia recolheu material no corpo da vítima para investigar se há vestígio de sêmen dos suspeitos, para confirmar tecnicamente o estupro. 



A perícia indicou que Lívia foi morta com dois tiros na cabeça. Alexandre foi atingido por três disparos na cabeça e um no braço. Marcos diz que os dois atiraram nas vítimas, mas Helton diz que o comparsa fez todos os disparos. Conforme o delegado Wagner Pinto, não está descartada a hipótese da participação de outra pessoa no crime. Os corpos das vítimas ainda estão no Instituto Médico Legal (IML), mas é possível que eles sejam liberados somente na sexta-feira. Ainda não há informações sobre o velório e enterro do casal. 



Entenda o caso



Alexandre e Lívia ficariam hospedados de quinta a sábado na serra. O plano era comemorar o aniversário de Alexandre, no domingo, com a família na capital, mas eles foram surpreendidos no mirante da serra, onde observavam o pôr do sol. Segundo a polícia, com um revólver, os dois renderam o casal, que estava fora do carro, e os levaram para o leito do Rio Santo Antônio, a sete quilômetros de Conceição do Mato Dentro, onde foram executados. A polícia procura testemunhas para esclarecer detalhes. Uma delas seria uma pessoa que teria socorrido Helton após uma queda de moto no caminho entre o mirante e o local do crime.



Esse fato foi relatado pelo suspeito durante o interrogatório. Ele disse que seguiu o carro de Alexandre na moto, e Marcos foi dentro do veículo com o casal. A queda teria sido nesse trajeto. Helton contou ainda aos policiais que ao chegar às margens do rio encontrou Alexandre morto no banco de trás da caminhonete. Lívia estaria seminua no banco do passageiro e Marcos vestido. 



Após o crime, na sexta-feira, Marcos e Helton tentaram fugir levando a Hilux. Mas como o veículo tinha sistema antifurto, não funcionou. Os dois teriam achado que o veículo estava com problemas na bateria, então foram embora levando R$ 174 e dois celulares. No sábado Marcos teria voltado de táxi ao local do crime para dar carga na bateria da Hilux. A intenção era vender o veículo por R$ 5 mil e dividir o dinheiro.



Como a tentativa de ligar o carro não deu certo, eles atearam fogo no veículo, na manhã de segunda-feira, com a ajuda de um menor. Para chegar aos bandidos, a polícia local contou com a ajuda de informantes que delataram um rapaz, dono de uma moto amarela, com o rosto queimado circulando pela cidade. Diante das características, Marcos, que tem uma motocicleta desta cor, foi detido. Na delegacia ele entregou o comparsa Helton e ambos contaram da participação do menor na destruição do carro. (Com informações de Valquíria Lopes, Junia Oliveira e Guilherme Paranaíba)

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