A cada 2 horas uma mulher é morta no Brasil. Em dez anos (de 1997 a 2007), 41.532 meninas e adultas foram assassinadas, segundo o Mapa da Violência 2010, estudo dos homicídios feito com base nos dados do SUS. Estes números colocam o Brasil no triste patamar de 12º colocado no ranking mundial de homicídios de mulheres.
Dados divulgados pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, das chamadas do Disque-Denúncia, mostram que as ligações passaram de 46 mil em 2006 para 401 mil em 2009. Só no primeiro trimestre deste ano foram registrados 145,9 mil chamados, um aumento de 65% no número de denúncias.
Apesar do cenário não se mostrar favorável, a perspectiva de mudança ainda existe. “Em razão do fortalecimento do movimento feminista e do aumento dos serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência. Esses fatores associados se constituem em possibilidades de mudança positiva”, afirma a Coordenadora da Área de Violência do UNIFEM Brasil e Cone Sul (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher – parte da ONU Mulheres), Verônica dos Anjos.
Um ponto final
É diante deste quadro que a campanha Ponto Final na Violência Contra Mulheres e Meninas divulgou nota pública de alerta à sociedade. O objetivo é convidar a todos, para que se mobilizem para que nenhum caso fique sem punição.
“A Campanha Ponto Final busca contribuir para a geração de uma posição coletiva contra esta forma de violência, atuando no fortalecimento de respostas institucionais mais amplas no sentido da prevenção”, diz Renata Teixeira Jardim, da coordenação da Campanha. Ela explica ainda que “a eliminação da aceitação social da violência contra as mulheres é um desafio para a sociedade contemporânea, que convive cotidianamente com essas manifestações”.
Silêncio, omissão e tolerância não podem mais ter espaço. “O movimento de mulheres identifica, há quatro décadas, que a banalização dos fatos, os torna eventos naturais nas relações sociais. Faz parte do comportamento humano, portanto, aceitável”, explica a nota, que foi elaborada pela Rede Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
“Muito pode e deve ser feito. É muito importante tornar a violência contra mulheres visível, ou seja, publicizar sua ocorrência de maneira que deixe de ser ‘aceita’ como uma forma de controle sobre as mulheres, permitida aos homens. Portanto, uma iniciativa relevante para a redução dessa forma de violência seria, além de outras, a ampliação massiva do conhecimento e do debate sobre o tema”, lembra Verônica dos Anjos.
A Campanha Ponto Final na Violência Contra Mulheres e Meninas não é uma iniciativa pontual. Ela faz parte de um conjunto de ações que abrangem a América Latina e Caribe e que integram um diálogo mundial acerca da violência de gênero, coordenado aqui pela Rede de Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do Caribe. A Unifem também tem uma vertente de cuidado especifico para mulheres e meninas, em desenvolvimento nos cinco países que estão sob a coordenação do Escritório Unifem Brasil e Cone Sul, a saber: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile.
Fonte: PRVL - Programa de Redução da Violência Letal
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