Inteligência policial tenta rastrear maníaco
Equipes dos serviços de inteligência das polícias Civil e Militar vêm trabalhando na área do Bairro Industrial, em Contagem, Grande BH, e em bairros próximos, em busca de pistas e informações que possam levar ao assassino em série que já violentou e matou pelo menos três mulheres no ano passado. Na Região do Barreiro, 10 suspeitos de envolvimento em estupro estão sendo monitorados pelo serviço reservado da Polícia Militar, na tentativa de identificar o maníaco. Conforme o Estado de Minas divulgou com exclusividade na terça-feira, exames do Instituto de Criminalística comprovam que é do mesmo homem o esperma encontrado nos corpos das três vítimas.
O suspeito ainda pode ter atacado outras duas mulheres em 2009. Para reforçar as investigações em andamento, um grupo especial envolvendo policiais, integrantes do Ministério Público e peritos será formado, a partir de reunião marcada para os próximos dias. A apuração – que segundo a polícia já conta com um retrato-falado – deve ainda ganhar o reforço da especialista em serial killers Ilana Casoy, que estuda o perfil desses matadores há quase 10 anos. De acordo com o site que a estudiosa mantém, sua colaboração é comumente solicitada pelas polícias de vários estados para ajudar na elaboração do perfil criminal de envolvidos em casos em andamento.
Como o Bairro Industrial, em Contagem, de onde eram as três vítimas comprovadamente atacadas pelo maníaco que age na Grande BH, faz divisa com o Bairro das Indústrias, no Barreiro, em Belo Horizonte, o major Cléber Geraldo Gonçalves, subcomandante do 41º Batalhão da PM, acredita que o assassino possa morar na região. Diante disso, o serviço de inteligência da unidade vem monitorando todos os suspeitos da área que já tiveram algum envolvimento com casos de violência sexual.
“Estamos dirigindo nossa atenção àqueles que já cumpriram pena por estupro, por tentativa, que já foram condenados por esses crimes e estão em liberdade condicional, assim como aqueles que cumprem pena em regime semiaberto e também os que respondem a inquérito em liberdade e aguardam julgamento pela Justiça”, disse o major. Os militares vêm apurando onde cada um dos suspeitos estava na data do assassinato das mulheres.
As empresárias Ana Carolina Assunção, de 27 anos, e Maria Helena Lopes Aguiar, de 48, assim como a contadora Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, de 35, foram abordadas pelo maníaco no Bairro Industrial. A primeira foi morta em abril; a segunda, em setembro e a terceira, em novembro do ano passado. Exames de DNA feitos no sêmen coletado nas vítimas confirmaram que a mesma pessoa cometeu os crimes. Os corpos de Ana Carolina e Maria Helena foram achados na Região Noroeste de BH e o de Edna, numa estrada de terra de Nova Lima, na região metropolitana.
O subcomandante do 41º BPM aguarda da Polícia Civil o retrato-falado de um possível suspeito de ter assassinado as três mulheres de Contagem. A imagem, que vem sendo mantida em sigilo pela polícia, refere-se a um homem visto por testemunha rondando o carro de uma das vítimas. Para o major, as características físicas facilitariam a identificação de suspeitos. Ele pede informações que possam ajudar nas investigações, mesmo que anonimamente, pelos telefones 181, 190 ou 197. “Estamos trabalhando 24 horas, abordando veículos, principalmente aqueles com casais”, disse o major. Segundo ele, estudos comprovam que, de cada 10 estupradores, seis cometem o crime mais de uma vez.
O delegado Frederico Abelha, da Delegacia de Homicídios do Barreiro, responsável pela investigação, confirmou ontem a existência do retrato-falado. De acordo com ele, equipes de agentes da Civil também se revezam nas apurações, que estão sendo mantidas 24 horas no Bairro Industrial. “Pela forma que agiu, o criminoso tem de conhecer a área. Ele não abordou as mulheres de forma aleatória, mas deve tê-las acompanhado por dois ou três dias. Se não mora no bairro, trabalha ou transita nele por algum motivo”, avaliou.
Nessa terça-feira, o assassinato de uma mulher em Betim, na Região Metropolitana de BH, levantou a suspeita de que o maníaco tivesse voltado a agir. Havia a hipótese de estupro seguido de morte e policiais civis e militares seguiram para o local do crime, mas as apurações preliminares não comprovaram violência sexual e indicaram que não havia coincidência com a forma de agir do assassino em série que atacou na vizinha Contagem.
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