sábado, 23 de janeiro de 2010

Documentário da cineasta brasileira Geysa Chaves “Se eu não tivesse amor”. Presidiárias, crime, charme e ressocialização




Presidiárias contam histórias de glamour e crime em documentário
Bonitas e sedutoras, elas estão no filme “Se eu não tivesse amor”. Em depoimentos, contam que maior sonho é voltar a ter liberdade.

Aluizio Freire Do G1, no Rio

Elas são criminosas. Cumprem pena em regime fechado na penitenciária feminina Talavera Bruce, na Zona Oeste do Rio, por associação ao tráfico, tráfico de drogas, roubo de cargas, furto a residências e assaltos à mão armada.


Condenadas pela Justiça, cinco detentas aparecem livres no documentário “Se eu não tivesse amor”, da cineasta Geysa Chaves, que mostra a história dessas mulheres com ingredientes de sedução, charme, elegância e delicadeza.

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Depois de mais de um ano mergulhada no cotidiano dessas mulheres, Geysa extraiu um rico material para produzir o documentário e agora estuda realizar um longa de ficção baseado nos fatos reais que ouviu. Além disto, finaliza um livro revelando o universo das presidiárias. Por trás daqueles muros do presídio, a cineasta, que montou sua equipe com colaboradores da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, descobriu mulheres belas - uma das protagonistas do documentário é Dione Normando Pires, vencedora duas vezes de um concurso de beleza promovido pela administração do presídio - e pôs mais uma idéia em prática: um ensaio fotográfico em que elas se transformam e ficam ainda mais sedutoras usando peças das grifes Versace, Valentino e Fórum.

“Quando comecei a frequentar o presídio em 2008, a convite de um pastor, não pensava em realizar esse trabalho. Fui pela curiosidade. Lá, encontrei garotas criminosas, sim, mas novas, bonitas. E descobri que a maioria se envolve no mundo do crime através de algum relacionamento amoroso. Escolhi as cinco porque elas não têm medo de mostrar a cara e não se fazem de coitadinhas”, explica Geysa.

Luciana Campos Tavares


Aos 23 anos, Luciana foi condenada a 10 anos de prisão. Abandonada pelos pais aos cinco anos de idade, foi procurada pela mãe quando já tinha 14 e levada para morar com ela e seus dois filhos – de outro casamento – em um barraco na Favela do Metrô, no Maracanã.

A menina era obrigada a vender balas no sinal. Quando não conseguia vender tudo era espancada pela mãe. Fugiu de casa. Tempos depois, em um baile funk na favela da Grota, no Conjunto do Alemão, no subúrbio, começou a namorar um rapaz que depois veio a saber que era o gerente do tráfico da quadrilha de Antônio José de Souza Ferreira, oTota.

Logo se envolveu com o crime e passou a ser a única mulher do bando. Começou servindo de “mula”, transportando drogas e armas de São Paulo para o Rio. Ocupou outras funções na quadrilha até ser presa.


Jaqueline Rodrigues

Seu apelido era Lady, pela elegância, roupas caras e jóias que costumava usar. Ninguém desconfiava que aquela mulher de olhos azuis, de classe média alta, usando grifes famosas, seria acusada de furto a residências. Ela cumpre pena de 25 anos.


Dione Normando Pires

Com sua voz rouca, um dos seus atributos de sedução, a morena Dione já foi uma perigosa assaltante de cargas. Cheia de atitude, chegou a ser apontada como líder da quadrilha formada por muitos homens. Presos, eles foram condenados a quatro anos de prisão, ela a 41.

Eleita Miss Garota Talavera Bruce (presídio), duas vezes (2007 e 2009), exibe como marca da passagem pelo crime uma tatuagem de um fuzil AK-47 no cóccix.


Jeniffer Claude Salagnac

Ex-dançarina da banda do cantor Prince, a francesa Jeniffer vivia em Paris frequentando restaurantes de luxo e viajando para lugares paradisíacos, ao lado do marido, para ela um jovem advogado bem-sucedido. Depois de perder filhas gêmeas, na segunda gravidez, entrou em depressão e aceitou a sugestão de viajar para o Brasil, com a irmã.

Chegou a se hospedar no Copacabana Palace. Mas, quando estava para voltar à França, o marido ligou dizendo que ela deveria levar duas malas que seriam entregues por um amigo.

Foi presa no Aeroporto Tom Jobim com 25kg de cocaína. Sua pena é de 6 anos por tráfico internacional de drogas. Nunca mais ouviu falar do marido.


Jéssica Borges Cabeço

Ela conta que foi criada com a avó e que, aos 13 anos, sempre a acompanhava para vender bilhetes. Descobriu depois que a vovó, muito simpática, aplicava o golpe do bilhete premiado nos incautos.

Cresceu e virou uma perigosa assaltante, especializando-se em “saidinhas de banco”. Cumpre pena de 9 anos e 10 meses por assalto a mão armada e tráfico de drogas.

Fonte: G1
http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1409541-5606,00.html

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