domingo, 31 de janeiro de 2010

Escute a entrevista da cineasta Geysa Chaves na Rádio CBN sobre seu documentário 'Se eu não tivesse amor'

O documentário 'Se eu não tivesse amor', da cineasta Geysa Chaves, mostra vida de mulheres que cumprem pena em presídio no Rio de Janeiro. Escute a entrevista que Geysa Chaves concedeu à Radio CBN sobre seu documentário.

O blog "O Grito de Ana" tem a bandeira social da luta pelo fim de toda forma de violência contra a mulher. Valorizar as mulheres que se destacam positivamente na cultura, política, ciência, enfim, nas diversas áreas, é uma forma de afirmar a importância, o valor e o potencial que cada mulher possui de contribuir para um mundo melhor. A violência estanca e destrói esse potencial precioso que a sociedade tanto necessita.

Geysa Chaves é mais um exemplo de iniciativa, potencial e vontade de contribuir com a causa social, em especial nesse seu trabalho que aborda as vida das mulheres que cumprem pena em um presídio carioca de uma forma humanizada e charmosa.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

UNIFEM - Ajuda para as mulheres no Haiti


Dear Friend, Imagine you’re a victim of domestic violence in Haiti…


Before the earthquake on 12 January, you and your children were safe in one of Haiti’s women’s shelters.

You were working to rebuild your life. And now, the shelter and so much else has been ripped away. UNIFEM is working to raise 2 million dollars to rebuild women’s shelters and expand emergency services for women and their families.



Your contribution will fund emergency community-based violence prevention programmes, counselling services, provide emergency supplies and rebuild women’s centres. Let us count you in.


Help us Say NO to violence against women and girls in Haiti. Every dollar you give counts as an action. Let us count you in. Donate here.


Sincerely,

Inés Alberdi

Executive Director, UNIFEM

sábado, 23 de janeiro de 2010

Documentário da cineasta brasileira Geysa Chaves “Se eu não tivesse amor”. Presidiárias, crime, charme e ressocialização




Presidiárias contam histórias de glamour e crime em documentário
Bonitas e sedutoras, elas estão no filme “Se eu não tivesse amor”. Em depoimentos, contam que maior sonho é voltar a ter liberdade.

Aluizio Freire Do G1, no Rio

Elas são criminosas. Cumprem pena em regime fechado na penitenciária feminina Talavera Bruce, na Zona Oeste do Rio, por associação ao tráfico, tráfico de drogas, roubo de cargas, furto a residências e assaltos à mão armada.


Condenadas pela Justiça, cinco detentas aparecem livres no documentário “Se eu não tivesse amor”, da cineasta Geysa Chaves, que mostra a história dessas mulheres com ingredientes de sedução, charme, elegância e delicadeza.

Veja galeria de fotos


Depois de mais de um ano mergulhada no cotidiano dessas mulheres, Geysa extraiu um rico material para produzir o documentário e agora estuda realizar um longa de ficção baseado nos fatos reais que ouviu. Além disto, finaliza um livro revelando o universo das presidiárias. Por trás daqueles muros do presídio, a cineasta, que montou sua equipe com colaboradores da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, descobriu mulheres belas - uma das protagonistas do documentário é Dione Normando Pires, vencedora duas vezes de um concurso de beleza promovido pela administração do presídio - e pôs mais uma idéia em prática: um ensaio fotográfico em que elas se transformam e ficam ainda mais sedutoras usando peças das grifes Versace, Valentino e Fórum.

“Quando comecei a frequentar o presídio em 2008, a convite de um pastor, não pensava em realizar esse trabalho. Fui pela curiosidade. Lá, encontrei garotas criminosas, sim, mas novas, bonitas. E descobri que a maioria se envolve no mundo do crime através de algum relacionamento amoroso. Escolhi as cinco porque elas não têm medo de mostrar a cara e não se fazem de coitadinhas”, explica Geysa.

Luciana Campos Tavares


Aos 23 anos, Luciana foi condenada a 10 anos de prisão. Abandonada pelos pais aos cinco anos de idade, foi procurada pela mãe quando já tinha 14 e levada para morar com ela e seus dois filhos – de outro casamento – em um barraco na Favela do Metrô, no Maracanã.

A menina era obrigada a vender balas no sinal. Quando não conseguia vender tudo era espancada pela mãe. Fugiu de casa. Tempos depois, em um baile funk na favela da Grota, no Conjunto do Alemão, no subúrbio, começou a namorar um rapaz que depois veio a saber que era o gerente do tráfico da quadrilha de Antônio José de Souza Ferreira, oTota.

Logo se envolveu com o crime e passou a ser a única mulher do bando. Começou servindo de “mula”, transportando drogas e armas de São Paulo para o Rio. Ocupou outras funções na quadrilha até ser presa.


Jaqueline Rodrigues

Seu apelido era Lady, pela elegância, roupas caras e jóias que costumava usar. Ninguém desconfiava que aquela mulher de olhos azuis, de classe média alta, usando grifes famosas, seria acusada de furto a residências. Ela cumpre pena de 25 anos.


Dione Normando Pires

Com sua voz rouca, um dos seus atributos de sedução, a morena Dione já foi uma perigosa assaltante de cargas. Cheia de atitude, chegou a ser apontada como líder da quadrilha formada por muitos homens. Presos, eles foram condenados a quatro anos de prisão, ela a 41.

Eleita Miss Garota Talavera Bruce (presídio), duas vezes (2007 e 2009), exibe como marca da passagem pelo crime uma tatuagem de um fuzil AK-47 no cóccix.


Jeniffer Claude Salagnac

Ex-dançarina da banda do cantor Prince, a francesa Jeniffer vivia em Paris frequentando restaurantes de luxo e viajando para lugares paradisíacos, ao lado do marido, para ela um jovem advogado bem-sucedido. Depois de perder filhas gêmeas, na segunda gravidez, entrou em depressão e aceitou a sugestão de viajar para o Brasil, com a irmã.

Chegou a se hospedar no Copacabana Palace. Mas, quando estava para voltar à França, o marido ligou dizendo que ela deveria levar duas malas que seriam entregues por um amigo.

Foi presa no Aeroporto Tom Jobim com 25kg de cocaína. Sua pena é de 6 anos por tráfico internacional de drogas. Nunca mais ouviu falar do marido.


Jéssica Borges Cabeço

Ela conta que foi criada com a avó e que, aos 13 anos, sempre a acompanhava para vender bilhetes. Descobriu depois que a vovó, muito simpática, aplicava o golpe do bilhete premiado nos incautos.

Cresceu e virou uma perigosa assaltante, especializando-se em “saidinhas de banco”. Cumpre pena de 9 anos e 10 meses por assalto a mão armada e tráfico de drogas.

Fonte: G1
http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1409541-5606,00.html

Governo federal cobra de MG explicações sobre assassinato de mais uma "ANA"

Governo federal cobra de MG explicações sobre assassinato
Aécio reconhece necessidade de uma "reformulação interna" na área

Tâmara Teixeira e Raphael Ramos

A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres quer explicações do Estado para saber se houve falhas ou omissão na apuração das denúncias de agressão contra a cabeleireira Maria Islaine Morais, 31. Depois de fazer oito queixas contra o borracheiro Fábio Willian Soares, 30, a mulher foi assassinada por ele, na última quarta-feira, com nove tiros à queima roupa.

A subsecretária de Enfrentamento da Violência contra a Mulher da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Aparecida Gonçalves, informou que o órgão enviou um ofício ao Secretário de Defesa Social do Estado, Maurício de Oliveira Campos Júnior, ao Procurador Geral do Ministério Público de Minas Gerais (MP), Alceu José Torres Marques, e ao presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Sérgio Resende, solicitando informações quanto ao desenrolar das investigações.

O governador Aécio Neves disse ontem que o Estado vai tentar ser mais efetivo no que se refere ao cumprimento da Lei Maria da Penha. "A frieza desse crime e a forma como foi filmado chocou a todos e merece também uma reformulação interna da nossa parte para que possamos estar mais atentos em casos notórios como esse, em que a ameaça é efetivamente real".

O TJMG confirmou que, em outubro de 2009, recebeu o pedido de prisão preventiva de Soares feito pelo advogado de Maria Islaine, Fernando Nascimento. O juiz poderia ter decretado a medida, considerada extrema. No entanto, o magistrado entendeu que deveria consultar o MP, pois não poderia se basear apenas nos boletins de ocorrência. O MP pediu instalação de inquérito à Polícia Civil. Na Delegacia de Mulheres, a informação é de que quatro inquéritos foram instaurados.

Depoimento. Enquanto as discussões sobre as falhas do caso continuavam entre autoridades, o homem que matou a cabeleireira foi apresentado ontem no Departamento de Investigações da Polícia Civil. Com o olhar indiferente, pés descalços e cabeça baixa, Soares não apresentou qualquer reação. Preferiu se calar, conforme orientação do seu advogado, Ércio Quaresma. A postura era bastante diferente daquele adotada por ele quando invadiu o salão da ex-companheira, no bairro Santa Mônica, em Venda Nova. A única fala ocorreu quando foi questionado por um policial se estava arrependido do crime. "Não sei", afirmou.

A polícia encontrou celulares e aproximadamente R$ 4.000 em dinheiro com o borracheiro,que ficou mais de 12 horas em um matagal durante a fuga. Segundo Quaresma, o cliente dele apresentava estar transtornado. "Não estamos tratando de um animal", disse. O advogado afirmou que vai tentar que Soares responda o processo em liberdade. Ele vai entrar com o pedido de habeas corpus.

Estratégia. Em uma crítica direta à Polícia Civil, Ministério Público e Justiça, o advogado chegou a dizer que, se Soares tivesse sido preso anteriormente, a tragédia poderia ter sido evitada.De acordo com o delegado Álvaro Homero, da Homicídios Venda Nova, a arma do crime, provavelmente uma pistola 9 mm, não foi encontrada. O policial informou que o borracheiro revelou apenas ter se desfeito da pistola durante a fuga.

O borracheiro confessou o crime. Ele teria revelado ao delegado que, além do ciúme da ex-mulher, os dois brigavam também por causa de um apartamento. O delegado revelou que o imóvel foi vendido por R$ 75 mil, mas a vítima reclamava o recebimento dos R$ 25 mil a que teria direito.

Segundo Homero, duas testemunhas já foram ouvidas. Soares também foi interrogado ontem. O borracheiro deve ser indiciado por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem dar chance de defesa à vítima). Ele pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.

O processo de denúncia da agressão
- Assim que a mulher sofre uma ameaça ou agressão, ela deve procurar a Delegacia de Mulheres para fazer uma representação contra o autor.
- Um inquérito é instaurado e, no caso de agressões físicas, a vítima é levada para realizar exame corpo de delito no IML. Durante as investigações, testemunhas são ouvidas e provas anexadas ao processo.
- Se houver necessidade, o delegado solicita que medidas protetivas sejam concedidas à vítima.
- O processo é encaminhado à Justiça. O juiz responsável determina quais as medidas protetivas necessárias. Depois, concede à vítima um documento
- que ela deve ter em mãos
- sobre as medidas concedidas e comunica ao autor. Caso o agressor não cumpra as ordens judiciais, a vítima precisa acionar a polícia e registrar o fato, sempre com alguma prova testemunhal ou física. O Ministério Público, delegados ou até mesmo o advogado da vítima podem solicitar ao juiz que determine a prisão do agressor.
- Para a solicitação da prisão, basta uma única reincidência, desde que seja uma clara situação de risco à vítima. No caso de ser o advogado da vítima a pedir a prisão, o juiz procura ouvir o MP para avaliar se cabe mesmo a determinação.

Fonte: Assossiação dos Magistrados de Mineiros
Ameaças de morte em 80% dos casos
Os números do Tribunal de Justiça de Minas mostram que as denúncias de mulheres agredidas por seus companheiros merecem toda a atenção das autoridades. Em 80% dos cerca de 25 mil processos referentes à agressões que tramitam na Justiça do Estado, as vítimas relatam já terem recebido ameaças de morte.

A subsecretária de Enfrentamento da Violência contra a Mulher da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Aparecida Gonçalves, afirmou que uma das dificuldades em se cumprir a Lei Maria da Penha é o posicionamento dos órgãos de seguranças do país. “Ainda estão contaminados pela nossa cultura machista. O que os policiais e juízes precisam entender é que as mulheres não estão exagerando nos seus relatos. O caso da Islaine comprova que as ameaças são cumpridas”. (TT) Publicado em: 23/01/2010
Fonte: Jornal o Tempo

Projeto do deputado Capitão Assumção (PSB-ES) altera Lei Maria da Penha para acelerar combate a agressor


Projeto altera Lei Maria da Penha para acelerar combate a agressor


Tramita na Câmara o Projeto de Lei 6340/09, do deputado Capitão Assumção (PSB-ES), que modifica a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) para acelerar a adoção de medidas urgentes em casos de violência contra a mulher.


O projeto reduz de 48 para 24 horas o prazo dado à autoridade policial para enviar ao juiz o pedido da mulher ofendida, com vistas à concessão de medidas protetivas de urgência. Segundo a proposta, o juiz também terá 24 horas (e não mais 48) para adotar as providências cabíveis.


O deputado afirma que alguns agressores, mesmo após denunciados, voltam em pouco tempo a cometer atos de violência, inclusive com mais raiva, e chegam a atentar contra a vida da vítima.
"Os prazos, muitas vezes, podem decidir a vida de alguém, pois a vítima fica à espera das medidas de urgência do juiz", argumenta o autor do projeto.


Justiça lenta
Segundo o deputado, a redução dos prazos das medidas judiciais visa a resguardar vidas e obter, com menos tempo, medidas necessárias contra o autor das agressões. "Assim, ele não terá tempo de voltar com o intuito de se vingar", prevê.


Capitão Assumção cita como exemplo o caso de uma jovem recepcionista de academia, em São Paulo, assassinada pelo ex-namorado em janeiro de 2009. A jovem havia registrado quatro boletins de ocorrência e dois termos circunstanciados contra o acusado, mas isso não foi suficiente para barrar o agressor.


Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.


Íntegra da proposta:
PL-6340/2009

Reportagem - Luiz Claudio Pinheiro

Edição - Pierre Triboli

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Falhou a prevenção, mas esta sendo feita justiça




Preso homem que matou ex-mulher em salão de beleza
Calmo, Fábio Willian da Silva Soares não ofereceu resistência e confessou o crime ao ser reconhecido pela Polícia

21/01/2010 17h44
LARISSA NUNES/RICHARD LANZA

Foi preso nesta quinta-feira (21) o borracheiro Fábio Willian da Silva Soares, que executou a tiros a ex-mulher no bairro Santa Mônica, em Belo Horizonte. Ele foi localizado pela Polícia Militar, por volta das cinco horas da tarde, na cidade de Biquinhas, região Central do Estado, a 270 quilômetros da capital. No começo da tarde, foi levado a Delegacia de Morada Nova de Minas.


De acordo com o soldado Lucas Xavier, o borracheiro foi visto pela equipe da PM ao entrar em uma sapataria, no centro da cidade. Segundo o soldado, ao ser reconhecido e preso, Fábio disse que estava na loja para comprar um calçado pois havia perdido o sapato durante a fuga. Ainda de acordo com o soldado, ele confessou o crime e alegou ter matado a mulher por ciúmes.

"Ele estava descalço, sujo, com as roupas rasgadas. Parecia estar bastante cansado e com fome. Também estava calmo, bastante calado", contou o sargento.

O carro usado pelo suspeito na fuga foi localizado na noite desta quarta-feira (20). O veículo estava em um fazenda do povoado de Cacimbas, perto de Biquinhas. O dono da fazenda disse que não sabia a quem pertencia o veículo. Fábio Willian, ao ser preso, confirmou a versão e disse que deixou mesmo o Strada, que pertence ao seu pai, na fazenda, sem conhecimento do proprietáro. Segundo o suspeito, porém, os dois se conhecem.

A cabeleireira Maria Islaine de Morais, de 31 anos, foi baleada nove vezes pelo ex-marido, enquanto trabalhava em um salão de beleza. Toda a ação foi gravada pelo circuito interno de tv.

Fonte: Jornal O Tempo

http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=69470

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Entrevista com Naiá Duarte - Projeto Mulher Viva, uma luta pelo fim da violência contra a mulher dentro das igrejas.




O Projeto Mulher Viva (http://www.mulherviva.com/) é uma esperança para mulheres que são violentadas dentro das igrejas cristãs e que são escravas da vergonha, da dor, da ignorância, da humilhação e do medo. A violência física, emocional, psicológica e moral as vezes são cometidas por aqueles que pregam a mensagem do Evangelho de Cristo que, em momento algum, defende a opressão do homem sobre a mulher e sim o amor do marido pela esposa ao ponto de sacrificar a própria vida. Que as palavras dessa ativista social pelo fim de toda forma de violência contra a mulher inspire mulheres e homens a se juntarem por essa causa.
1 - Quem é Naiá Duarte (suas referências) e há quanto tempo você luta pelo fim da violência contra a mulher?


Naiá Duarte: Sou santista, formada em Direito e História com especializações na área de educação e filosofia, casada e mãe de 2 filhos. Luto pelas causas sociais há 10 anos e especificamente contra violência há 3 anos.



2 - O que te levou a militar pelas mulheres vítimas de violência?


Naiá Duarte: Observando as mulheres dentro da igreja. Como uma mulher liberta em Jesus de Nazaré pode se deixar escravizar por textos fora do contexto como Efésios 5: 22 daí foi um pulo ao constatar a violência no âmbito eclesiástico (física, psicológica, patrimonial).



3 - Aconteceu algum fato específico que te levou a dedicar sua vida a essa causa?


Naiá Duarte: Sim, quando compreendi que algumas mulheres sofrem violência por não saberem ou por serem influenciadas por textos fora do contexto em um “púlpito viciado” dominador e machista eu contatei meu amigo Pr. Ariovaldo Ramos e pedi sua orientação como poderíamos através da Palavra Sagrada minorar o sofrimento de mulheres que sofrem violência dentro e fora da igreja.



4 - O que te motivou a abordar o tema no contexto das mulheres cristãs? Há violência dentro das igrejas evangélicas?


Naiá Duarte: É triste falar, mas existe e muito. Vou citar um exemplo de uma pastora:
“Naiá, o que eu faço? Meu marido é pastor e em casa me bate e me humilha. Eu disse:
Como na sua igreja existe um pastor presidente vá até ele e conte o que está acontecendo.
Ela foi e o pastor presidente disse que iria pensar no assunto e que em breve daria uma resposta.
Dois dias se passaram e o marido pastor foi chamado ao gabinete do presidente de uma grande igreja evangélica pentecostal.
Fulano pastor entende de Deus que você e sua família deveriam pastorear uma igreja a 500 km daqui. O fulano pastor todo feliz pegou sua esposa violentada e seus filhos e foram “pastorear” em um lugar longe dali e que não levantasse suspeitas. Em nenhum momento foi abordado ou tratado o assunto por eles.
Quando a pastora me telefonou dizendo o que tinha acontecido eu fiquei indignada e me pus à disposição e ela me perguntou novamente e agora? “Sabemos que não podemos decidir pela pessoa, disse que a minha preocupação era com a integridade física dela e aconselhei a denunciá-lo.”



5 - Como tem sido recebido o seu trabalho, através do Projeto Mulher Viva, nas igrejas pelos pastores e liderança? Há uma resistência e na sua opinião a que ela se deve?


Naiá Duarte: A Mulher Viva tem sido bem aceito por igrejas sérias na Palavra e que entendem que o pecado pode vir a transformar maridos que deveriam proteger suas esposas em verdadeiros lobos ferozes. Algumas igrejas onde o estudo da língua original e da história da igreja não é alvo de atenção a pregação é superficial, dominadora e excludente.



6 - Como é a reação das mulheres cristãs ao seu trabalho? Elas se sentem encorajadas a relatar as violências sofridas?


Naiá Duarte: A reação normalmente é positiva mais o fato de relatar a violência ocorre depois de um a dois meses da palestra proferida, ou seja, a vitima me liga ou manda um email querendo saber como ela pode orientar sua vizinha que sofre espancamentos. Oriento por telefone ou email e peço para marcar um encontro com a vitima e na maioria das vezes vem ela com a vizinha acompanhando.



7 - Você possui algum dado estatístico sobre a violência contra a mulher no meio evangélico?


Naiá Duarte: De acordo com a Casa de Isabel (ONG na zona leste da capital) 80 % das mulheres atendidas lá são evangélicas de igrejas neo-pentescostais, pentecostais e históricas.



8 - Você trabalha ou pretende trabalhar com a conscientização do homem cristão sobre a problemática da violência contra a mulher? Se trabalha como é ou seria desenvolvida essa abordagem?


Naiá Duarte: Não trabalho diretamente com o homem agressor mais encaminho se ele quiser para tratamento psicológico e espiritual. Entendo que o homem agressor precisa de tratamento e amor.



9 - Fale sobre o Projeto Mulher Viva. ( desde quando ele existe? como foi criado? qual objetivo? quais as ações e programas? quais as conquistas?...)


Naiá Duarte: O Projeto Mulher Viva nasceu no morro São Bento em Santos/SP por ocasião de uma palestra feita por mim sobre Direitos das Mulheres em 2007. Uma chama acendeu em mim e comecei a olhar para as mulheres com varias interrogações:
Por que a mulher aceita a violência?
Por que o púlpito é usado na maioria das vezes por homens?
Por que em casamentos aconselha-se a mulher a ser submissa e não aconselha o homem a amá-la e morrer por ela se necessário for. (efésios 5:22-30)
E após esses questionamentos criei junto com meu esposo advogado e pastor Cícero Duarte o Mulher Viva que tem como objetivo que toda mulher viva sem violência. Trabalhamos com a conscientização e prevenção da violência através de palestras, fóruns e oficinas. Ano passado (2009) atendemos 28 mulheres e alcançamos um publico de mais de 7000 pessoas.
Nossa meta para 2010 é atender 100 mulheres e firmar parcerias com objetivo de servir melhor a mulher vitimada.

10 - Qual a sua opinião sobre a utilização dos blogs como ferramenta de atuação na luta contra toda e qualquer violência contra a mulher?


Naiá Duarte: Esperança



11 - Deixa a sua mensagem para os leitores do blog "O grito de Ana" sobre essa atrocidade que é a violência contra a mulher praticada no mundo.

Naiá Duarte: Não podemos nos conformar com qualquer forma de violência contra qualquer pessoa, precisamos nos apoiar e lutar pelo direito a vida e ao amor, somente quando entendemos que a vida é o bem mais precioso que temos e que não podemos dispor dela porque esta é uma prerrogativa do altíssimo, compreenderemos que somos nós que devemos lutar pela vida e proteger nossa integridade; tendo como paradigma Jesus Cristo que rompeu a Lei do Silêncio denunciando e permitindo que suas discípulas estudassem, evangelizassem pregasse, ou seja, que pudessem exercer seus dons de uma forma integral.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Malalai Joya is only 32 - A woman to remaind in the fight against violence against women














Afghanistan’s soft-spoken rebel
The voice from the back of the room


Monday 11 January 2010


Malalai Joya is only 32, but she has been an exile, a refugee, a teacher of girls in the Taliban’s Afghanistan, and now that country’s youngest member of parliament. She’s still on the run though, and still threatened with assassination

by Andrew Oxford


Afghanistan is a young nation ravaged by old conflicts. This does not refer to the new government created after the 2001 invasion (or the violent battles between different tribes that have carried on into the new millennium). Its youthfulness is a statistical fact buried in UN and World Bank reports: 60% of the country is under the age of 25, and many may not live much beyond that (1).

Nearly a decade has passed since Nato troops, led by the US, “liberated” Afghanistan. But there is little to show for the occupation, the billions of dollars of aid money, and the thousands of soldiers and civilians killed. Not much is heard from the young majority. The political discourse in Kabul neglects their future; it is dominated by the usual suspects, bearded bureaucrats and provocateurs of wars past.

“They are law brokers not law makers,” says Malalai Joya. At 32, she is Afghanistan’s youngest member of parliament (and has adopted the name Malalai after the Afghan nationalist hero Malalai Maiwand). She is an outspoken critic of the fundamentalists who subjugate the women of her country. Now she is internationally prominent as the voice for an independent Afghanistan. Her message – end the occupation and the Karzai government – is refreshing and daunting, a manifesto for what the West should really be fighting for.

Her parliamentary career began with the Loya Jirga, or grand assembly, of 2003, which sought to shape the “free” Afghanistan. As Afghan politicians fought for their place in the new government and hammered out a constitution, interest groups jockeyed for power. Malalai Joya lobbied just for a chance to speak, shouting “We kids can’t get a word in!” from the back of the room. She’s tiny and has a frustratingly soft voice, so it is hard to imagine that she is a formidable opponent of warlords. But when she takes to the microphone, it’s clear how easily she makes enemies.

A tired chairman allowed her to speak for three minutes because she had “travelled far”. Ninety seconds proved too much. Denouncing the “warlords and criminals” present at the Loya Jirga, she blamed them for the terrible state of their country and called for them to be jailed and prosecuted rather than given positions of power. “They might be forgiven by the Afghan people but not by history,” she said before the microphone was cut. A small burst of applause was drowned by jeers of outrage as delegates leapt from their seats and charged towards her. The chairman demanded that security remove her for “crossing the lines of common courtesy”.


We saw nothing but war


“We are the war generation,” she recently told me after addressing supporters at the City University of New York. “We saw nothing in our lives but disaster, war, violence, and all these catastrophic situations.” As the classroom began to empty and those who remained clustered around the refreshments table, she drifted between English and Persian, shaking hands, and posing for pictures as any good politician would. Her appearance does not betray the refugee camps, the safe houses and the five assassination attempts.

She is the daughter of a medical student who left school to fight the Soviets, and her life has been lived on the run. Four days after her birth, the Communist government took power and prepared for the Russian invasion. She has lived in exile in Iran, Pakistan and any number of refugee camps, and she grew up among the forgotten casualties of war who would later be her proudest constituency: the widows, the orphans, the displaced. After the Soviets fled, civil war engulfed Afghanistan, and the Taliban emerged victorious, a chauvinist and extremist government took hold of her homeland and turned Malalai Joya into a quiet rebel. At 15, she began work as an underground teacher for a women’s rights group. Teaching girls how to read, she constantly dodged the watchful authorities; and in the austerity of her fugitive existence, among the illiterate and oppressed, she became a committed activist.

With the feminist Organisation for Promoting Afghan Women’s Capabilities, Malalai became a prominent voice for women in the shadows of subversion. In 2001, when Nato ran the Taliban out of Kabul, she and her colleagues were poised to seize the opportunity of building a new nation. “After 9/11, they occupied my country under the banner of women’s rights and human rights and democracy, but they bring into power this photocopy of the Taliban,” she told supporters in New York. “That’s why today, the situation in Afghanistan is a disaster.” Malalai is quick to point out the reality of occupation for average Afghans. Poverty remains endemic (2), corruption is flourishing thanks to the billions of dollars foreign governments and NGOs have poured in, and the recent election was, she says, “a ridiculous drama ... just rubbing salt in the injured heart of my people”; for despite a few legal and political benefits, women are still treated like property.

“The situation of woman is a disaster and just as catastrophic as under the domination of the Taliban,” she said. Having lived through the Taliban’s rule as an underground teacher, Malalai has been an eyewitness to the terror of the fundamentalists. The liberation, she says, has brought little change. Considering the rise in self-immolation and rape in recent years, Malalai says: “Women are the most victimised because women are a big power, one wing of the bird. When one wing of the bird in society is injured, how can the bird fly?”

The burgeoning opium poppy trade has underscored what Malalai had always suspected about the occupation. “In the last eight years, they have turned my country into the centre of drugs.” It was not unexpected. “They are saying to the poor farmers ‘stop planting poppies’ but the governors of these provinces are drug traffickers. Four persons who have high posts in Karzai’s cabinet are famous drug traffickers.” The US complicity in the multibillion dollar drug trade, as evidenced by Hamid Karzai’s brother’s close connections to both the CIA and the heroin underworld (3), have made it clear that poppies are not just a convenient cash crop for the struggling farmers. They are a new natural resource and the drug lords and their occasional allies in the occupation forces are the new colonialists who mean to prosper in the market that leaves most Afghans living in dire poverty.

Geopolitics have defined Afghanistan from the ancient trading routes through the mountains to the British, Soviet and US expeditions and occupations. Its location has been a blessing and a curse. “They invaded my country to have access to the gas and oil of the Asian republics,” Malalai said. “And now the people of my country are crushed between three powerful enemies: the occupation forces bombing and killing innocent civilians, most of them women and children; and the Taliban and these warlords.”


Truth is the first casualty


As a member of the parliament representing the rural Farah province, Malalai was suspended by her colleagues years ago for making remarks considered too critical. She says this suspension was a plot by the fundamentalists to silence her. So she travels widely, in her country and the world. “The first casualty in war in a country like Afghanistan is the truth,” she says. “The truth itself is political.” But it could be her best weapon.

“They say a civil war will happen in Afghanistan if the troops leave but nobody wants to talk about today’s civil war. As long as these soldiers are in Afghanistan, there will be civil war.” The US and Nato soldiers are seen as just another enemy in a nation that prides itself on ferocious independence. The British, the Soviets and the US and its cohorts cannot tame Kabul or the Khyber Pass; even the native forces of the Taliban and the Northern Alliance struggle to restrain a population historically inclined to buck occupation.

Malalai hopes democracy can replace decades of colonisation and strife. She is quick to acknowledge how naive she seems; yet she is an unwavering believer in the power of her own people, who are their only agents of action. “No nation can donate liberation to another nation. My people can liberate themselves if they let us live in peace. Over these 30 years, we lost almost everything. But we did gain one important thing and that is political knowledge. The resistance of my people is day by day increasing.” “When the people stand up, they can defeat them.”

Fonte: Le monded Diplomatique - Versão em inglês
http://mondediplo.com/2010/01/19afghanistan

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Mukhtar Mai - Uma mulher para ser lembrada


"E a lista é longa. Seja em casos de divórcio, pretensa infidelidade ou acerto de contas entre homens, a mulher é que paga o preço mais elevado. Ela é dada a título de compensação por uma ofensa, é violada por um inimigo do marido como represália. Às vezes, basta que dois homens entrem e disputa por um problema qualquer para que um deles se vingue na mulher do outro. Nas aldeias, é muito comum que os próprios homens façam justiça, invocando o princípio do "olho por olho". O motivo é sempre uma questão de honra, e tudo é permitido a eles. Cortar o nariz de uma esposa, queimar uma irmã, violar a mulher do vizinho." (Passagem do livro "Desonrada - Depoimento", de Mukhtar Mai.)
É impossível alguém ler esse livro q não se sensibilizar, não se revoltar ou não se indignar. O depoimento de Mukhtar Mai é, infelizmente, o depoimento silencioso de milhares de mulheres no Paquistão e no mundo que sofrem com todo o tipo de violência e atrocidade. Essa mulher teve a corajem de se expor para ver a justiça ser feita e para estancar esse mal que vitima as mulheres paquistanesas. Mukhtar Mai foi estuprada ao mesmo tempo por quatro homens como punição por seu irmão, de 13 anos, ter flertado com uma mulher, de 27, de um clã superior. Quem decidiu a únição foi o próprio líderado clã tribal a despeito da justiça e do pedido de perdão que Mukhtar fez em nome do irmão.
A denúnica, a mídia, as ONG´s e coragem dessa mulher foram as armas de luta a transformação social.