Nem em imagens fictícias dá para suportar a violência e a tortura? |
A trama cultural do assassinato de Eliza Samúdio
O caso do goleiro Bruno do Flamengo trouxe à tona duas faces violentas da cultura brasileira: a primeira é a violência contra a mulher, herança da colonização, e a segunda, a tortura praticada por militares criminosos, herança da ditadura militar.
A essência dos requintes de crueldade do assassinato de Eliza Samúdio remetem à cultura da tortura e dos assassinatos nos porões da ditadura militar. Um policial treinado seria o suspeito da tortura e morte da jovem. Para o Supremo Tribunal Federal, emdecisão recente, a tortura praticada por militares e as dezenas de assassinatos durante o regime militar estão perdoados.
O perdão aos torturadores e o perdão aos assassinos de mulheres estão expostos de forma mais evidente no caso do goleiro Bruno do Flamengo. É urgente e necessária uma política nacional de combate ao machismo e à tortura, ainda resistente no país.
Além dessas duas heranças, há também o mundo fútil da exploração do corpo presente muito presente na mídia de uma sociedade com excessiva concentração de renda. A história do crime nos remete à toda uma prática social aceita, que é a valorização excessiva dos atributos do corpo como forma de se dar bem na vida em uma sociedade de pobres e milionários. Há uma desigualdade social difícil de combater que parece estar presente na trama do Caso Bruno.
Beleza, corpo, desigualdade social, machismo, tortura e ditadura militar parecem compor esse quadro macabro do assassinato de Eliza Samúdio.
Fonte: Educação Política - mídia, economia e cultura por Glauco Cortez
2 comentários:
Fico emocionada e impressionada com suas palavras. Às vezes, nem dá para acreditar que caminhamos tanto e, já estamos em pleno século XXI com atitudes enraizadas na violência, no autoritarismo machista e na exploração do corpo feminino como moeda de troca. Já passou da hora de se dar um basta.
Gente, toda a crueldade é recriminável, mas temos de parar com essa obsessão maníaca de separarmos grupos para nos revoltarmos particularmente de maneira corporativista contra a violência praticada contra aquele grupo, como se a violência praticada contra outros grupos fosse menos grave!
O que aconteceu no caso da Elisa Samudio não teve nada com machismo ou com qualquer outra bandeira!
Trata-se apenas de covardia, ambição e iniquidade como a de tantas outras pessoas (incluindo mulheres!) que mandam matar seus próprios parentes para se beneficiar financeiramente ou as vezes por motivos ainda mais fúteis!
quantos homens, mulheres e crianças não são vítimas de outros homens, mulheres e crianças todos os dias no mundo intiro sem que aja nenhuma relação com sua condição de alto ou baixo, magro ou gordo, negro ou branco, homem ou mulher, etc. etc. etc.
O que acontece quando ficamos vendo "bandeiras" em tudo e nos obsecamos em criar grupos que precisam a qualquer custo serem vistos como vítimas, é que começamos a criar uma discriminação contrária contra o "grupo antagonista"!
Com isso alimentamos o preconseito a medida que apenas invertemos a direção deste.
Agora a classe vista como vilão é que será alvo de perseguissão!
A sociedade já está saturada dessas filosofias repetitivas de grupos que lutam cada vez mais para buscar benefícios em causa própria em nome de uma discriminação cada vez mais alimentada por essas políticas de segregação disfarçada de integração!
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