Nem em imagens fictícias dá para suportar a violência e a tortura? |
A trama cultural do assassinato de Eliza Samúdio
O caso do goleiro Bruno do Flamengo trouxe à tona duas faces violentas da cultura brasileira: a primeira é a violência contra a mulher, herança da colonização, e a segunda, a tortura praticada por militares criminosos, herança da ditadura militar.
A essência dos requintes de crueldade do assassinato de Eliza Samúdio remetem à cultura da tortura e dos assassinatos nos porões da ditadura militar. Um policial treinado seria o suspeito da tortura e morte da jovem. Para o Supremo Tribunal Federal, emdecisão recente, a tortura praticada por militares e as dezenas de assassinatos durante o regime militar estão perdoados.
O perdão aos torturadores e o perdão aos assassinos de mulheres estão expostos de forma mais evidente no caso do goleiro Bruno do Flamengo. É urgente e necessária uma política nacional de combate ao machismo e à tortura, ainda resistente no país.
Além dessas duas heranças, há também o mundo fútil da exploração do corpo presente muito presente na mídia de uma sociedade com excessiva concentração de renda. A história do crime nos remete à toda uma prática social aceita, que é a valorização excessiva dos atributos do corpo como forma de se dar bem na vida em uma sociedade de pobres e milionários. Há uma desigualdade social difícil de combater que parece estar presente na trama do Caso Bruno.
Beleza, corpo, desigualdade social, machismo, tortura e ditadura militar parecem compor esse quadro macabro do assassinato de Eliza Samúdio.
Fonte: Educação Política - mídia, economia e cultura por Glauco Cortez