Menina
síria
Sai o
grito de um alma dilacerada
Talvez
você não esteja escutando
Talvez o
grito esteja baixo
Pode ser
isso mesmo
Bombas
mísseis
Aviões
fuzis granadas
Entulhando
gente da gente
Escuto
vozes nos escombros
Crianças
retalhadas na infância desgraçada
Qual o
sentido disso tudo?
Qual o
sentido dessa guerra?
Abutres
omissos inertes na carnificina
Idiotas
bêbados de sangue inocente
Já não
terminaram de comer sua carne podre?
Culpados
canalhas
Quero
cuidar de uma pequena menina síria
Mas vocês
não deixam
Vendem a
morte, são abutres
Ei! Pai
dessa menina síria
Eu tenho
um quarto boneca e coberta
Deixa uma
foto sua na roupa na menina
Vou
cuidar dela
Vou
mostrar a foto sua
Dizer o
quanto é bela
Vou falar
de você para ela
Pai,
Nessa
guerra, deixa eu salvar ela
André Silva
Poema do livro "Isônia: somos todos sequelados"
Disponível na Amazon