sexta-feira, 28 de março de 2014

65% dos brasileiros acham que mulher de roupa curta merece ser atacada

65% dos brasileiros acham que mulher de roupa curta merece ser atacada

Resultados assustaram até autores do estudo do Ipea; retrato da vítima de violência sexual indica ainda que mais da metade das vítimas tinha menos de 13 anos e há casos de estupro coletivo

27 de março de 2014 | 15h 03

BRASÍLIA - Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) retrata o quanto a violência contra a mulher ainda é tolerada no País. A maioria dos brasileiros considera que merecem ser atacadas aquelas que usam roupas que revelam o corpo. Também é majoritário o grupo que acredita que, "se a mulher soubesse se comportar", as estatísticas de estupro seriam menores.
Os resultados provocaram espanto entre os próprios autores da pesquisa. A violência contra a mulher, avaliam, é vista como forma de "correção". A vítima teria responsabilidade - por usar roupas provocantes ou por não se comportar do modo "desejado". "Mais uma vez, tem-se um mecanismo de controle do comportamento e do corpo das mulheres da maneira mais violenta que possa existir", dizem os autores da pesquisa.
A tolerância à violência não está ligada a características populacionais. Mas autores do trabalho consideram que algumas condições, como morar em metrópoles, ter escolaridade mais alta e ser mais jovem podem reduzir o risco desse tipo de comportamento. Para os pesquisadores, o fator preponderante para a tolerância é a adesão a determinados valores. Pessoas que acreditam que o homem deve ser o cabeça do lar, por exemplo, estão mais propensas a achar que a violência, em muitos casos, se justifica.
"É a ideia da mulher honesta, que ainda persiste no País", afirma a secretária de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, Aparecida Gonçalves. Embora a tolerância à violência esteja muito presente, o discurso do brasileiro não é linear. Dos entrevistados, 91% concordam total ou parcialmente com a ideia de que homem que bate na mulher deve ir para a cadeia. Outros 89%, por sua vez, dizem não concordar com a afirmação de que o homem possa xingar ou gritar com a própria mulher.
A cultura machista fez a moradora da zona leste de São Paulo Maria (que pediu para não ter o sobrenome revelado) se calar sobre as agressões físicas do marido durante nove anos de casamento. "Ele quebrava tudo dentro de casa, mas demorei a falar para a polícia e a família", relata a dona de casa. "Tinha medo e não sabia se contar era certo. Até que um dia resolvi denunciar", relata. Segundo ela, a falta de autonomia, principalmente financeira, é responsável pelo silêncio da maioria.
Estupros. O Ipea traçou também um retrato da vítima de violência sexual. Conduzido por Daniel Cerqueira e Danilo Coelho, o trabalho analisou registros do sistema de agravos de notificação, que capta dados de atendimentos em serviços públicos de saúde. Foram analisados cerca de 12 mil casos, referentes a 2011. "É uma amostra. Pelas projeções do Ipea, no ano passado ocorreram no País 527 mil estupros", diz Cerqueira.
Os números analisados mostram que mais da metade das vítimas tinha menos de 13 anos de idade. "É um dado absolutamente alarmante", avalia. O trabalho identificou também que 15% dos estupros registrados foram cometidos por dois ou mais agressores. "Ficamos chocados quando ouvimos histórias de estupros coletivos na Índia. O fato é que enfrentamos o mesmo problema no nosso quintal." / COLABOROU VICTOR VIEIRA
Fonte: Estadão

65% dos homens concordam com a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas"

Maioria dos brasileiros acha que mulher de roupa curta merece ser atacada

Pesquisa divulgada hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostra que 65% dos homens concordam com a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas"


Agência Estado
Publicação:27/03/2014 16:21Atualização:27/03/2014 17:50






A maioria dos brasileiros concorda com a ideia de que marido que bate na esposa deve ir para a cadeia, revela pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 27, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Batizado de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), o trabalho se baseou na entrevista de 3.810 pessoas, residentes em 212 municípios no período entre maio e junho do ano passado. A pesquisa mostra que 91% dos entrevistados concordam total ou parcialmente com a prisão dos maridos que batem em suas esposas. O estudo alerta, no entanto, que é prematuro concluir, com bases nesses dados, que a sociedade brasileira tem pouca tolerância à violência contra a mulher. "Há uma ambiguidade do discurso", afirmam os autores.



Dos entrevistados, 63% disseram concordar com a ideia de que "casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre membros da família". Causou espanto entre os próprios pesquisadores o fato de que 65% disseram concordar com a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", algo que deixa claro para autores do trabalho a forte tendência de culpar a mulher nos casos de violência sexual. Para autores, um número significativo de entrevistados parece considerar a violência contra a mulher como uma forma de correção. A vítima teria responsabilidade, seja por usar roupas provocantes, seja por não se comportarem "adequadamente."


A avaliação tem como ponto de partida o grande número de pessoas que diz concordar com a frase: se mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros. O trabalho indica que 58,5% concorda com esse pensamento. A resposta a essa pergunta apresenta variações significativas de acordo com algumas características. Residentes das regiões Sul e Sudeste e os jovens têm menores chances de concordar com a culpabilização do comportamento feminino pela violência sexual. A pesquisa não identifica características populacionais que determinem uma postura mais tolerante à violência, de forma geral. Os primeiros resultados, no entanto, indicam que morar em metrópoles, nas regiões mais ricas do País, ter escolaridade mais alta e ser mais jovem aumentam a probabilidade de valores mais igualitários e de intolerância à violência contra mulheres. Autores avaliam, porém, que tais características têm peso menos importante do que a adesão a certos valores como acreditar que o homem deve ser cabeça do lar, por exemplo.


A pesquisa do Ipea também revela que a maior parte dos brasileiros se incomoda em ver dois homens ou mulheres se beijando. Dos entrevistados, 59% relataram desconforto diante da cena. A relação afetiva entre pessoas do mesmo sexo também não tem uma aceitação expressiva. Das pessoas ouvidas, 41% disseram concordar com a frase "um casal de dois homens vive um amor tão bonito quando entre um homem e uma mulher" e 52% concordam com a proibição de casamento gay. O levantamento identificou, no entanto, um avanço na aceitação do princípio da igualdade dos direitos de casais homossexuais e heterossexuais. Metade dos entrevistados concorda com a afirmação de que casais de pessoa do mesmo sexo devem ter mesmos direitos de outros casais.

Fonte: Portal UAI





Assassino de Ana Carolina condenado a 29 anos de prisão em Minas Gerais

"Maníaco do volante" é condenado a 29 anos de prisão em MG

Rayder Bragon
Do UOL, em Belo Horizonte

Opintor Marcos Antunes Trigueiro, conhecido como "maníaco do volante", foi condenado pela Justiça de Minas Gerais a 29 anos e dois meses de prisão pelos crimes de latrocínio e roubo qualificado. Ele recebeu esse apelido porque suas vítimas preferenciais eram mulheres conduzindo seus carros.
Trigueiro cumpre pena na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, por ter sido condenado em três processos de três estupros e homicídios de mulheres. Os crimes foram cometidos entre os anos de 2009 e 2010 em Belo Horizonte e em Contagem. Ao todo, as penas somam quase 100 anos de prisão.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), o latrocínio cometido pelo condenado ocorreu em 2004, quando ele assaltou uma pizzaria em Contagem. Na ocasião, conforme o processo, Trigueiro roubou dinheiro, celulares, documentos pessoais e cartões bancários de frequentadores do local. Ainda dentro do recinto, ele pegou uma pochete de um homem e, em seguida, disparou um tiro em sua nuca, matando-o.
Durante a instrução do processo, Trigueiro negou as acusações e afirmou nunca ter estado no local, nem ter tido uma arma de fogo. Ele ainda afirmou que o reconhecimento dele realizado pelas testemunhas não poderia ser levado em consideração, já que o latrocínio ocorreu há alguns anos.
No entanto, o relator do processo, o desembargador Jaubert Carneiro Jaques, afirmou que as testemunhas não demonstraram dificuldade em "reconhecer prontamente" Trigueiro como sendo o autor do crime.
"Sendo assim, as palavras das vítimas devem ser consideradas aptas e seguras, não havendo qualquer possibilidade de que as mesmas tivessem intenção de incriminar um inocente, mesmo porque não faria sentido em esperar tanto tempo para proferir uma acusação falsa, sendo que poderiam ter atribuído a responsabilidade pela autoria do delito a qualquer um, se fosse o caso", concluiu o relator.
UOL não conseguiu contato com o advogado de Trigueiro.

Estupros

A última condenação de Trigueiro em processo no qual ele fora acusado de estupro seguido de homicídio aconteceu em setembro de 2012.
Na época, ele foi apenado a 36 anos e nove meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, estupro e furto, em regime fechado, pela morte de Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, 35, ocorrida em 2009.
Anteriormente, em setembro de 2010, o homem foi condenado a 28 anos de prisão pela morte da comerciante Maria Helena Aguilar, 48, em setembro de 2009. Nesse caso, a Justiça o condenou a 18 anos pelo homicídio, a mais oito anos pelo estupro e outros dois anos por furto praticado contra a vítima.


Ainda em 2010, mas em junho, ele havia recebido a pena de 34 anos e quatro meses de prisão pelo estupro e morte da empresária Ana Carolina Menezes de Assunção, 27, em abril de 2009. Ele foi sentenciado pelos crimes de homicídio qualificado, estupro, furto e por expor a vida de uma criança a perigo iminente.

De acordo com o TJ-MG, no dia 16 de abril, a vítima foi abordada por Trigueiro quando estava em seu carro, acompanhada pelo filho de um ano e meio, no bairro Industrial, em Contagem.
O homem teria simulado um assalto, entrado no veículo e mandado a empresária conduzir o carro para outro local, onde ela teria sido abusada e morta. O menino foi deixado no local. Durante o julgamento, Trigueiro assumiu que assassinou Ana Carolina no bairro Alto dos Pinheiros, na região noroeste da capital mineira.
Os crimes atribuídos ao maníaco pela Polícia Civil mineira mostraram o mesmo modo de ação -- as vítimas eram estupradas antes de serem mortas e tinham os pertences roubados.  Ainda segundo a investigação, o réu tinha predileção por mulheres desacompanhadas na direção de seus carros. Ele é acusado de outras duas mortes de mulheres. Porém, ainda não houve julgamento.
Fonte: Portal UOL