quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"O Grito de Ana" compartilha o sentimento de justiça pela prisão do assassino de Ana Carolina de Menezes. Fim da impunidade!!


Este blog foi criado para que se continue a balançar a bandeira da luta contra toda forma de violência contra a mulher nesse país e no mundo. Ana Carolina de Menezes é essa baneira. A quase um ano atrás Ana Carolina foi assassinada brutalmente. Após ela outras mulheres foram encontradas mortas e as investigações da Polícia Civil de Minas Gerais indentificaram que o assassino seria um serial killer.


Essa semana foi preso esse serial killer. De forma exemplar houve uma resposta à sociedade por parte do poder público. À Polícia Civil de Minas Gerais meus parabéns.


Mas o problema não acaba aqui. Quantas Ana Carolinas estão sendo mortas, violentadas, espancadas, humilhadas pelos seus maridos, filhos, parceiros, namorados e homens que possuem o prazer de infligir dor a uma mulher?


O assassino de Ana Carolina está preso. A família para sempre vai carregar a dor da perda traumática. Mas, a justiça, nesse caso foi feita. É uma questão de respeito à família de Ana Carolina, às leis que regem nossa sociedade, às mulheres que lutam para vencer essa violência e a todas as demais famílias que choram a perda de suas mulheres por esse tipo de violência.


Não conheçi a Ana Carolina e nem conheço a sua família. A eles o meu sentimento de conforto nessa via dolorosa que a muitos meses os vem torturando. Que a impunidade não continue sendo uma realidade para as centenas de mulheres que são agredidas diariamente, algumas até a morte.

De alguma forma acredito que "O Grito de Ana" tem contribuido para a eliminação dessa barbárie que é a violência contra a mulher e, como criador desse blog, também me sinto justificado com a prisão desse assassino. A impunidade não imperou.

André Silva

Serial killer que matou Ana Carolina de Menezes foi preso debaixo da cama, diz polícia


Serial killer foi preso debaixo da cama, diz polícia

Na casa do maníaco, em Contagem, a polícia encontrou dois celulares, um deles seria da quarta vítima do homem


Alexandre Vaz - Portal Uai
Elaine Resende - Portal Uai


Marcus Antunes Trigueiro, de 32 anos, casado, cinco filhos e atualmente desempregado. É essa a identificação do maníaco sexual divulgada no final da manhã desta quinta-feira pela Cúpula da Polícia Civil, no Departamento de Investigações, Região Centro-Sul de BH. Ele foi preso por volta das 7h de quarta-feira, no Bairro Industrial, em Contagem. Pelos exames de DNA, a polícia confirmou que Marcus estuprou e matou três mulheres na região onde morava.

O delegado responsável pela investigação, Frederico Abelha, disse que, nas últimas semanas, a polícia investigava três suspeitos. Com o rastreamento dos celulares das vítimas, a polícia conseguiu identificar onde o maníaco morava.


Ao chegar à casa dele, na Rua Equador, número 51 A, Bairro Industrial, os policiais encontraram o suspeito escondido debaixo da cama. Com a mulher dele, foram achados três telefones queimados. Graças ao número de série dos aparelhos, os investigadores os identificaram como sendo das vítimas. Dois celulares já foram identificados como sendo da contadora Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, morta em 11 de novembro, e da universitária Natália Cristina de Almeida Paiva, assassinada em 7 de outubro e que pode ter sido a quarta vítima de Marcus. A polícia aguarda o resultado da perícia no terceiro aparelho.


Segundo a Polícia Civil, ele já havia sido preso por furto, em maio de 2005, mas conseguiu fugir. Em setembro do mesmo ano ele foi recapturado e cumpriu o total da pena.


O delegado informou que, no momento da prisão, o suspeito permaneceu calado, em atitude fria. Em função disso, a mulher acabou sendo presa também por estar de posse dos celulares. Segundo Frederico Abelha, ela não deve permanecer presa por muito tempo. Em depoimento, ela teria dito que não acreditava que o marido seria o serial killer. Ela, porém, admite que o marido vinha agindo de forma estranha desde o ano passado. Segundo ela, ele não dormiu em casa em vários dias.


Frederico Abelha informou que o laudo conclusivo deve sair em 30 dias, mas o prazo pode ser prorrogado. Assim que ficar pronto, ele será encaminhado à Justiça e ao Ministério Público.


(com informações de Sílvia Dalben/Portal Uai)


Fonte: Portal Uai


Polícia confirma prisão de serial killer que matou Ana Carolina


Polícia confirma prisão de serial killer de Contagem
Alexandre Vaz - Portal Uai


A Polícia Civil confirmou nesta quinta-feira que o homem preso na Departamento de Investigações (DI) da Polícia Civil, em Belo Horizonte, é o maníaco que violentou e estrangulou pelo menos três mulheres na região do Bairro Industrial, em Contagem, na Grande Belo Horizonte.


Segundo informações da reportagem do jornal Estado de Minas, em depoimento, o rapaz já teria confessado os crimes. Ele foi preso nessa quarta, por volta de meio-dia. O suspeito aparenta ter de 25 a 30 anos, mede de 1,86m, tem olhos castanhos esverdeados, pele clara, cabelos lisos e, conforme um policial que atuou na investigação, “é boa pinta”.


Há informações também de que a mulher do suspeito também tenha sido detida, no momento da prisão do rapaz. Segundo um policial civil, haveria um mandado de prisão em aberto contra ela relativo a outro crime, não relacionado com as mortes do serial killer.

(com informações de Liliane Luchin/TV Alterosa, Paulo Henrique Lobato/Estado de Minas, Pedro Ferreira/Estado de Minas e Pedro Rocha Franco/Estado de Minas)


Fonte: Portal Uai

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA exclusiva da cineasta Geysa Chaves ao blog "O Grito de Ana" sobre os documentários "Se eu não tivesse amor" e "Ocupação"




André Silva - blog "O Grito de Ana"

Em entrevista exclusiva concedida ao blog "O Grito de Ana", a cineasta e documentarista Geysa Chaves fala sobre os documentários em fase de produção ,"Ocupação" e "Se eu não tivesse amor", e sobre os planos futuros de escrever um livro e produzir um longa de ficcão.

Advogada e estudante de Direção de Cinema da Escola de Cinema Darcy Ribeiro - Instituto Brasileiro do Áudiovisual, Geysa Chaves, que mora no Rio de Janeiro, aborda em seu trabalho "Ocupação" a falta de continuidade dos programas sociais após a ocupação da favela Tavares Bastos pelo Batalhão de Operações Especiais da PMRJ (Bope) que tem privado aquela comunidade de melhoria na qualidade de vida, oportunidades e dignidade.

O documentário "Se eu não tivesse amor" é uma bela abordagem sobre a realidade de cinco mulheres que cumprem pena no presídio Talavera Bruce no Rio de Janeiro. Geysa debate a questão da ressocialização, do preconceito e da valorização dos ser humano atravéz de uma abordagem humanizada da vida dessas personagens reais.

A cineasta também fala do projeto de escrever um livro (alguns techos do livro estão no final da entrevista) e produzir um longa de ficção sobre o documentário "Se eu não tivesse amor" e diz estar aberta a propostas de EDITORAS para o livro e de TV´s abertas, fechadas para o documentário e produtores para o futuro longa de ficção.

A valorização da mulher é um dos objetivos desse blog que busca promover o fim de toda e qualquer forma de violência contra a mulher, no âmbido doméstico ou não. É nesse contexto de valorização que o blog "O Grito de Ana" entrevistou a cineasta Geysa Chaves.


André Silva: O que é o “Cinema Social”?
Geysa Chaves: Na minha visão, é discutir temas sociais a partir do audiovisual. Existem temas que pela própria natureza os governos e a sociedade muitas vezes fingem quem não existem, então trazer tais temas à evidência é importante para as pessoas de uma maneira geral procurar fazer uma reflexão sobre eles e exigir mudanças de postura.

André Silva: O seus dois documentários “Ocupação” e “Se eu não tivesse amor” focam as questões sociais, a partir de quem momento você decidiu enquanto cineasta investir no Cinema Social e por que?
Geysa Chaves: Minha preocupação é com assuntos atuais. Assuntos que estão dia a dia no noticiário. Contudo, às vezes as mídias, em função do compromisso com a audiência, divulgam tais informações de uma maneira tendenciosa, e por isso acho importante que as pessoas possam conhecer os dois lados.

André Silva: Uma mulher á frente de uma equipe subindo em uma favela, ainda que considerada segura, e entrar em um presídio feminino para produzir um documentário, na sua opinião, representa uma conquista de espaço quanto às questões sociais das mulheres como um todo? Houve alguma dificuldade durante a produção dos dois documentários que você atribuiria ao preconceito de gênero? Geysa Chaves: Acho que a mulher ainda é muito tímida. Sempre fui buscar a realização dos meus ideais. Nunca olhei se era mais propenso a homens. No caso desses dois trabalhos, não enfrentei qualquer tipo de preconceito, até porque na TAVARES BASTOS - QG do BOPE/RJ, muitas matérias já foram realizadas lá para TV´s do Brasil e do exterior e muitas as entrevistadoras em vários casos eram mulheres. Quanto ao presídio, a minha experiência como advogada (embora eu nunca tenha atuado na área criminal) me ajudou muito. Por ser advogada e conhecer meus direitos fui menos hostilizada por funcionários da unidade, mas não escapei de pressão psicológica, tanto que em função de determinado abuso de autoridade tive que representar contra dois funcionários junto a Secretária de Estado de Administração Penitenciária e a Corregedoria local. Depois disso entendi porque só existem filmes de ficção acerca de temas relacionados a presídios. Documentários, se existem são poucos, mas desconheço, acho que não tem.


André Silva: Como surgiu a idéia de fazer o documentário “Ocupação” e o que pretende discutir?
Geysa Chaves: Fala-se muito em UPP´s – Unidade de Polícia Pacificadora. O Governo do Estado em 2009 lançou uma campanha em vídeo em que a polícia subia o morro correndo com a viatura e em seguida ocorria uma fusão de imagens com a realização de obras e o povo sorrindo, seguindo-se da imagem do policial no topo do morro sorrindo.
A leitura é: polícia invade, ocorrem obras e melhorias, povo feliz e polícia no topo, mandando.
Com base nisso resolvi visitar a TAVARES BASTOS – QG do BOPE/RJ que é a OCUPAÇÃO mais antiga e realizada no Governo ANTONY GAROTINHO.

A ocupação data de 09 anos, e depois disso, o único braço do Estado lá é a polícia, o BOPE, mas não tem 1 posto de saúde, não tem nenhuma escola municipal ou estadual, em fim, não tem nada e são 6.800 moradores.

Acho que seria legal o povo saber disso antes da eleição.

André Silva: No documentário “Ocupação”, você levanta questão da não continuidade das políticas sociais após a ocupação permanente da favela Tavares Bastos pelo Bope, como você avalia os efeitos dessa falta de continuidade na comunidade?
Geysa Chaves:
Decepção. O morador sabe que a questão é política e se sente usado pelos políticos que sempre prometem e não cumprem nada. Essa consciência de que os políticos são sem caráter é forte lá. O morador mais velho já perdeu a esperança e o morador jovem sonha que ainda pode haver mudanças, mas também acha meio utópico sua forma de pensar, ante a tudo o que vê.

André Silva: O documentário “Ocupação”, que levanta questões sobre as políticas públicas não implementadas após pacificação com a instalação de um batalhão do Bope dentro do favela Tavares Bastos, traz um alerta sobre as Unidades de Polícia Pacificadora. Na sua opinião o que deveria ser feito para que as Unidades de Polícia Pacificadora não se torne somente mais uma política de ocupação?
Geysa Chaves: A experiência com o BOPE deu muito certo. A população local nem pensa na possibilidade do BOPE sair de lá, porque sabe que se eles saírem no dia seguinte volta o tráfico. Contudo, existem lá projetos privados que chegaram a comunidade através do BOPE, por ser uma polícia respeitada, a mais respeitada, ou a única respeitada pela massa no RJ, então os jovens, as crianças ainda tem alguma coisa para fazer, como artes marciais, onde um policial do BOPE dá aula para os jovens e crianças.

A comunidade também recebe ajuda do BOPE em emergências médicas, e em função dessa ocupação do BOPE que gerou tranqüilidade, a comunidade passou a ser referência de locação para cinema nacional e internacional e também TV.

Lá foram filmados O INCRÍVEL HULK; A LEI E O CRIME; XUXA; VIDAS OPOSTAS, força tarefa, clipe do SNOOP DOG, e outros. Em função disso já teve projeto privado de escola de cinema com patrocínio da PETROBRÁS e também tem uma escolinha de VOLEY do BERNARDINHO com apoio do BANCO DO BRASIL, mas nada vindo do Governo do Estado, e isso tudo dito pelos próprios moradores.

Não adianta só a UPP. Para que a vida do morador de comunidade seja mudada é necessário investimento público em educação, cultura e toda área social, em especial oportunidades de trabalho dentro e fora da comunidade. Se não houver isso, o bandido sai de lá e vai aterrorizar em outro lugar. A polícia se instala e a vida do morador não muda, só passam a ter a garantia do sossego apenas.


André Silva: Após vários contatos com moradores da favela Tavares Bastos, na sua opinião, qual foi a percepção deles quanto a política de ocupação com a implantação do batalhão do Bope e a não continuidade das demais políticas sociais?
Geysa Chaves: Há quem goste do BOPE e há quem não goste. Quem não gosta é porque não gosta de ter que dar satisfação a ninguém, isto é, quer uma liberdade além dos limites de conivência social normal. Mas a maioria ver a presença do BOPE lá como fundamental, se orgulham disso, de viver numa favela tranqüila onde podem dormir com janelas abertas, etc. Mas lamentam o fato do Estado e da Prefeitura não fazer nada por eles em termos de saúde, educação e cultura. Se sentem abandonados pelo poder público. É a mais perfeita definição dos DOIS MUNDOS que falo na narrativa do documentário.

André Silva: Como surgiu a idéia de fazer o documentário “Se eu não tivesse amor” que retrata o drama e os conflitos vividos a por cinco mulheres que cumprem pena no presídio Talavera Bruce no Rio de Janeiro?
Geysa Chaves: Vinha acompanhando notícias quase que diárias de mulheres sendo presas porque o namorado, marido ou companheiro era do mundo do crime, e as mulheres eram envolvidas nos crimes dos mesmos.

Passado um tempo, fui convidada por um pastor evangélico para ir num evento nessa unidade prisional ver o trabalho dele de evangelização com elas.

Chegando lá, me surpreendi com uma cadeia que nunca me mostraram, com fábricas, cursos, escola de primeiro e segundo grau e acesso ao vestibular/ENEM, reunindo todas as condições de ressocialização do detento. Não havia superlotação. As celas são individuais, e as poucas coletivas são para 8 ou 32 detentas, mas cada uma com sua cama e suas coisas pessoais.

PENSEI: Por que ninguém jamais mostrou isso tudo?

Passei a ir algumas outras vezes com ele e resolvi registrar tudo numa espécie de diário que vai virar livro.

Quando decidi que queria mostrar aquele tipo de cadeia, pense: Quero contar essa história, mas preciso de personagens porque não posso falar só da cadeia porque senão é uma mera reportagem.
Decidi que o foco dramático seria mulheres que foram condenadas em função dos relacionamentos amorosos com homens do mundo do crime, já que conversando com 10 mulheres, 9 se diziam lá em função dos crimes desses homens.


André Silva: Você escolheu cinco mulheres como personagens do documentário “Se eu não tivesse amor”. Quais foram os critérios que fizeram dessas mulheres personagens?
Geysa Chaves:

1 – Mulheres fortes, dispostas a contar suas histórias para seus futuros espectadores ou telespectadores sem se fazer passar por coitadinhas, assumindo seus atos;

2- Mulheres bonitas, fora do esteriótipo de cadeia, para que a sociedade possa se identificar com elas e assim prestar atenção no problema social vivido por essas moças, e por muitas outras que não estão presas, ainda;
3 – Moças que fossem capazes de convencer pelas próprias histórias e comportamento na prisão, que todo ser humano merece nova oportunidade, e que são capazes de mudar, mas dependem da oportunidade dada pela sociedade.

André Silva: No seu documentário “Se eu não tivesse amor”, você realizou uma abordagem humana, que valorizasse as mulheres e não os seus crimes. Na sua opinião, o que mais dificulta quanto a ressocialização?
Geysa Chaves: O preconceito da sociedade. Por não dar oportunidades ao detento ou ao ex-detento, a sociedade criou para essa população uma pena de prisão perpétua que a nossa Constituição da República não estabeleceu.

Embora Constituição diga que “não há pena sem prévia cominação legal”, a sociedade condena essa população carcerária a terminar os seus dias no cárcere. Sim, porque se você não dá oportunidades de uma nova inserção social, o que a pessoa que já tem uma espécie de rótulo eterno de ex-presidiário vai fazer da vida?

Enquanto esse preconceito não for quebrado, essa ressocialização se torna mais difícil. Valorizar mais o ser humano que o crime nesse documentário faz a sociedade ver de forma diferente. O fato delas serem bonitas e novas também faz a sociedade ter interesse em ajuda-las e entender seus problemas. Quebra esse esteriótipo de população carcerária faz quebrar um pouco do preconceito.
Veja a campanha do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Eles também saíram do esteriótipo de cadeia senão as pessoas desligam a TV na hora do comercial ou mudam de canal.


André Silva: No seu blog (www.geysachaves.blogspot.com) você registra momentos em que as detentas participaram de concursos de beleza, desfiles e seção de fotos. O que o documentário “Se eu não tivesse amor” pretende dizer nessa abordagem humanizada?
Geysa Chaves: Esse bloco será o da ressocialização. Pretendo que as pessoas entendam com isso que valorizar a auto-estima do preso é fazer dele uma pessoa melhor, que se sente valorizada, amado, respeitado em sua dignidade. Eles já foram julgados e estão lá cumprindo suas penas. Ajudar a se sentirem como seres humanos normais como outro qualquer, que são, faz com que o preso tenha vontade de provar para a sociedade que ele é capaz de mudar, que se arrepende de seu erro, mas que quer uma oportunidade.
No dia do ensaio fotográfico eu tive uma das meninas que chorou demais. Ela nunca havia usado uma roupa nova, sempre coisa usada. Jamais pode imaginar que justamente na cadeia, um dia entraria num casaco de pele VERSACE com uma bota Fórum que também foi recentemente usada pela atriz TAÍS ARAÚJO em campanha publicitária.


André Silva: Quanto aos problemas e imagem do Sistema Penitenciário Brasileiro e dos dententos, desenvolver um trabalho no presídio Talavera Bruce/RJ foi uma quebra de preconceito para a Geysa?
Geysa Chaves: Um dos filmes que mais adoro é CARANDIRÚ. Ele trás de uma forma magnífica e real o lado sórdido da cadeia. Mesmo numa cadeia tranqüila, sem super lotação e com a garantia de dignidade ao preso, como é o Talavera Bruce, esse lado sórdido existe, mas é disfarçado. No início você não sabe quem é quem, mas depois, se você for uma pessoa ligada logo percebe de onde partem certas pressões e por que.

Na minha cabeça, cadeia era lugar sujo, lotado, lugar de gente que não faz nada e só trama coisa contra os cidadãos, mas depois desse trabalho tive que rever meus conceitos.

Hoje quando passo num sinal de trânsito e vejo um jovem vendendo balas, penso que por trás daquele jovem existe uma mãe da LUCIANA.

Hoje quando vejo alguém falando que o preso faz isso ou aquilo, penso que um ser humano que é tratado como bicho é difícil sair de lá e não descontar toda humilhação em alguém aqui fora, mesmo que essa pessoa não tenha culpa de nada e sequer imagine o que ele passou lá. Isso é uma forma de punir o Estado e a população é que paga com a vida na maioria das vezes.Penso que todo o trabalho realizado pelo JUDICIÁRIO e pela SECRETARIA DE ADM PENITENCIÁRIA será em vão, se não prepararem psicologicamente funcionários do sistema carcerário para trabalhar com o preso. Poucos são preparados. Só humano pode trabalhar nessa função. HUMANO.


André Silva: Quanto ao projeto de escrever um livro sobre o documentário “Se eu não tivesse amor”, como surgiu a idéia e qual é a proposta do livro? (nessa pergunta você pode falar tudo o que quiser sobre o livro, colocar trechos, enfim, fique à vontade...rs)
Geysa Chaves: Em 1h ou 1h e 10 min não dá para você contar essas histórias e revelar tudo. Por isso resolvi fazer o livro.

O livro começa com o por que do documentário, passa pelas histórias delas, que por serem densas e grandes não vai dar pra mostrar tudo no documentário e também fala das filmagens, as dificuldades encontradas, de outras histórias que não estão no filme mas que conhecemos no presídio. Fala muita coisa.

O livro serviu de base para um roteiro de longa de ficção baseado em fatos reais. É o próximo projeto.

N documentário procurarei colocar as imagens que não vou dramatizar no longa de ficção no futuro, e que as pessoas só terão conhecimento lendo o livro e imaginando como será o filme que pretendo captar recursos públicos e privados e outras parcerias para filma-lo no futuro.

Depois que finalizar o documentário e o livro começo a mexer no roteiro de ficção que já está registrado, mas pretendo alterá-lo com a colaboração de um roteirista mais experiente em ficção.



*TRECHOS DA ENTREVISTA COM JENNIFER CLAUDE SALAGNAC

“...De repente, entrou uma moça loura e muito bonita porta a dentro. Ela estava com um uniforme verde e uma bota branca tipo bota de pião que tira leite de vacas. É o uniforme da padaria em que trabalha dentro da Unidade Prisional Talavera Bruce. Essa padaria produz o pão consumido por todo o sistema carcerário do Estado.

O que me chamou a atenção é que ela estava com os cílios bem maquiados com máscara de cílios (rímel) preta e pó facial que deixavam suas bochechas mais rosadas, mais bronzeadas.

Ela me disse que nasceu no MARROCOS, mas foi para a FRANÇA com 01 ano de idade e que seus pais são franceses. Ela é francesa, então.

Fiquei surpresa porque ela em tão pouco tempo fala muito bem o português. Aliás, todas as presas do pavilhão das estrangeiras aprendem a falar rapidamente o português...”

TRECHOS DA ENTREVISTA COM DIONE NORMANDO PIRES

“...Quando soube das sentenças, inicialmente caiu em depressão, quis se matar, se mutilou, mas depois virou bicho. Era muito rebelde e queria realmente virar o bicho que a polícia lhe taxou. Já dentro do presídio, em regime de cumprimento de penas, quis realmente ser a LOURA**, a chefe do bando, então tatuou no Cóccis uma AK-47, símbolo do 157 (assalto a mão armada), “bonde” (comboio de carros roubados com bandidos armados) “pesadão” (fortemente armado). Estava irada porque antes dos assaltos nunca teve ficha suja, nunca cometeu outros crimes e teve a pena maior que os demais comparsas e nunca foi CHEFE de nada, e isso tudo foi um devaneio da polícia e imprensa naturalmente por falso testemunho dos comparsas contra ela.
**Na época dos assaltos a caminhões de cargas, DIONE usava cabelos louros.
DIONE diz com tristeza no olhar que não se orgulha dessa história. Que 01 ano na vida do crime lhe rendeu 41 anos de prisão...”.

*TRECHOS DA ENTREVISTA COM JESSICA BORGES CABEÇO

“...Pressionada, e com medo de ser pega, além do medo de perder seu grande amor, JÉSSICA pondera com X, que não abre mão de que ela leve a droga, e insiste com JÉSSICA dizendo: “Amor, sei que você está com medo, mas fica tranqüila, põe na rosadinha (partes íntimas/vagina) que você consegue passar”, e JÉSSICA acaba levando a droga e sendo presa”.

*TRECHOS DA ENTREVISTA COM JAQUELINE RODRIGUES

“...Dona de lindos olhos azuis, LADY, é o vulgo (apelido) que lhe foi dado pelo Delegado que efetuou sua prisão. Ela só assaltava residências de luxo vestida como uma LADY. Sua especialidade era jóias, dinheiro e moeda estrangeira. Nada de bagatela. Ela tinha pavor de ser presa por causa de um vale transporte e uma carteira de velhinhos com “merreca” dentro.
Mulher forte e altamente persuasiva. Prende sua atenção, e para de falar se você divide sua atenção com outros”.

*TRECHOS DA ENTREVISTA COM LUCIANA CAMPOS TAVARES

“...LUCIANA me disse a seguinte frase: “Senhora, a gente não deita de baixo de um homem sem saber o que ele faz, sem saber da vida dele. Pode quem quiser falar, mas não acredito porque eles falam. Posso dizer que o meu relacionamento com ele me apresentou o mundo do crime, porque eu não usava drogas e ele me ensinou a fumar maconha. Eu não cheirava pó porque fere o nariz, mas usei todo tipo de outras drogas – ecstasi, crak, loló, mas eu fui ser traficante por desejo próprio. Eu queria ter PODER”.
...
Pensei também que DEUS olhava muito por LUCIANA, porque ela escapou de 3 sentenças de morte, salvo se eu tiver contado errado: Escapou dos tiros dentro do mato, escapou do julgamento do tráfico e escapou de ser entregue ao “alemães” (inimigos de facção contrária). Qual seria a próxima sentença de morte de LUCIANA?
....
LUCIANA me disse que a vida lhe tirou quase tudo, mas teve um momento em especial que o seu mundo desabou, foi quando ela descobriu ....”

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Segundo a ONU, 3 milhoes de meninas por ano correm o risco de sofrer mutilação genital

Genital mutilation - The United Nations Population Fund (UNFPA) says three million girls are still at the risk of genital mutilation each year.
In a message to mark International Day against Female Genital Mutilation (FGM), the UNFPA called for change of perception on the practice.
The practice is still widespread in spite of a global commitment in 2002 to end FGM by 2010. The UN agency also blamed the continued practice on social and cultural perceptions.
It estimates that 120 to 140 million women have been subjected to this harmful and dangerous practice.
The UNFPA said: 'Girls and their families will face shame, social exclusion and diminished marriage prospects if they forego cutting.
'FGM poses immediate and long-term consequences for the health of women and girls, and violates their human rights.
'The agency noted that decline in the number of FGM had been recorded in some communities, which had chosen to make public declarations against the practice.
It cited Senegal, where genital mutilation had declined by up to 65 per cent.'Success in reducing the incidence in several countries where it was once highly prevalent has occurred as a result of culturally sensitive engagement with local communities and encouraging change from within,' the agency said.
6 February of every year has been designated by the UN as International Day against Female Genital Mutilation.The day has been set aside to raise awareness among the general public about this traditional but harmful practice.
The UN insists that FGM 'severely violates the human rights of women and girls'.
Its report estimates that in the 28 countries in sub-Saharan Africa and the Middle East where female genital mutilation/cutting is performed, some 130 million women and girls have been affected.
In addition to causing severe pain, FGM can result in prolonged bleeding, infection, infertility and death.
New York - Pana 08/02/2010
Fonte: UN Agency

Suspeito de estupro preso em SP não é o serial killer que teria matado Ana Carolina de Menezes, confirmou a Polícia Civil de MG

Preso em SP suspeito de estupro no Sul de Minas
Alexandre Vaz - Portal Uai
Rafael Passos - Portal Uai

A Polícia Civil de Minas confirmou nesta segunda-feira que o estuprador preso em Guarulhos, na Grande São Paulo, nessa segunda-feira, não se trata do maníaco que está sendo procurado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Por meio de nota, a polícia comunicou que o homem preso é Benedito Donizete da Silva, de 44 anos.

Ele é acusado de ter abusado sexualmente de três meninas de 15, 13 e 11 anos em Piranguino, distrito de Brasópolis, no Sul de Minas. A mais nova, inclusive, ficou grávida e foi autorizada pela Justiça a interromper a gestação, que aconteceu no Hospital Júlia Kubitschek, em Belo Horizonte. Benedito foi levado para a delegacia de Brasópolis.

Policiais do SIG (Setor de Investigações Gerais) receberam da polícia mineira um mandado de prisão e possíveis endereços de residências do acusado, mas ele não foi encontrado em nenhum dos locais.

Nesse domingo, depois de uma denúncia anônima, os policias se deslocaram até uma chácara, em Guarulhos. Eles conversaram com moradores e souberam que, desde o Natal, um homem havia alugado um quarto na região.

Investigações

Sobre o serial killer que estuprou e matou ao menos três mulheres no Bairro Industrial, em Contagem, a Polícia Civil diz que as informações são mantidas em sigilo para não atrapalhar as investigações. Por fim, o órgão informa que não há denúncias de novos casos relacionados aos crimes praticados pelo assassino.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Preso em São Paulo suspeito de ser serial killer que matou Ana Carolina de Menezes

Preso em São Paulo suspeito de ser serial killer de mulheres

Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais ainda não confirmou a informação

Alexandre Vaz - Portal Uai

A Polícia Civil de São Caetano do Sul prendeu na manhã desta segunda-feira um homem suspeito de estuprar mulheres em Minas Gerais. As primeiras informações são de que ele seria o serial killer que estuprou e assassinou três mulheres no Bairro Jardim Industrial, em Contagem, no ano passado. A Secretaria de Estado de Segurança Pública não confirma a informação.

Policiais do SIG (Setor de Investigações Gerais) receberam da polícia de Minas Gerais um mandado de prisão e possíveis endereços de residências do acusado, mas ele não foi encontrado em nenhum dos locais. Nesse domingo, os policiais receberam a informação de que o estuprador estava em Guarulhos e o prenderam.

Fonte: Portal Uai

http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/02/08/noticia_minas,i=147066/PRESO+EM+SAO+PAULO+SUSPEITO+DE+SER+SERIAL+KILLER+DE+MULHERES.shtml

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Polícia de MG caça serial killer que teria matado Ana Carolina

Polícia caça assassino de mulheres na Grande BH

Pedro Ferreira - Estado de Minas
Publicação: 02/02/2010 06:21

A polícia está à caça de um assassino em série que ataca mulheres no Bairro Industrial, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e é responsável por pelo menos três mortes na Grande BH. Em abril, setembro e outubro, três vítimas desapareceram no bairro. Todas foram estupradas e estranguladas. Exames recém-concluídos pelo setor de Biologia do Instituto de Criminalística comprovam que é da mesma pessoa o esperma encontrado nos corpos, dois deles localizados em pontos próximos, na capital. O serial killer pode ter agido ainda em dois outros casos registrados em 2009: o sumiço de uma mulher em janeiro, no Bairro Lindeia, Região do Barreiro – cujo corpo foi encontrado em adiantado estado de decomposição, impedindo a coleta de sêmen – e o desaparecimento de uma estudante, também no Barreiro.
Várias outras coincidências levam a polícia a acreditar que está lidando, nesses casos, com um único criminoso. A partir das informações já levantadas, médicos legistas, agentes, peritos e delegados estão montando uma força-tarefa com o Ministério Público Estadual para traçar o perfil e chegar ao autor dos crimes.
Segundo informações obtidas pelo Estado de Minas, o assassino da empresária Ana Carolina Assunção, de 27 anos, que foi violentada e morta dentro do seu carro, ao lado do filho de 1 ano e dois meses, em um crime que chocou o estado, é o mesmo homem que matou a empresária Maria Helena Lopes Aguiar, de 48, e a contadora Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, de 35. O corpo de Ana Carolina foi achado no Bairro João Pinheiro e o de Maria Helena, no Califórnia, ambos na Região Noroeste da capital, separados pelo Anel Rodoviário de BH.
Em 16 de abril do ano passado, o corpo de Ana Carolina foi encontrado seminu no banco traseiro do seu Palio Weekend. Ela foi estrangulada com o cadarço do tênis e violentada. O bebê não foi agredido e dormia sobre o peito da mãe. A família deu falta do celular, mas R$ 210 foram achados sob o banco e o aparelho de som do carro não foi levado. O drama da família começou por volta das 18h de 16 de abril, quando a empresária foi com o filho buscar a mãe na loja, no Bairro Industrial. A mãe da vítima, que já tinha trancado o estabelecimento e aguardava do lado de fora, estranhou ao ver o carro da administradora passar direto. Informado sobre o episódio, o marido da empresária ligou para o celular da mulher e ela disse que estava tudo bem e que havia chegado em casa, o que não era verdade.
O irmão da administradora, Jair Vinícius Menezes Assunção, de 22, foi avisado da suspeita de sequestro-relâmpago e também telefonou para Ana Carolina, que repetia o tempo todo que estava bem e, diante da insistência, pediu que ele não fizesse tantas perguntas. Nessa ligação, o rapaz ouviu vozes masculinas mandando a empresária andar mais rápido. Depois de 20 minutos, o telefone foi desligado. O carro foi encontrado mais tarde, na Avenida Governador Benedito Valadares, no Bairro João Pinheiro, Região Noroeste de BH, na marginal da Via Expressa, em local deserto e de pouca iluminação.
Outra vítima do maníaco foi encontrada em local vizinho. O corpo de Maria Helena, que desapareceu em 17 de setembro de 2009, no Industrial, foi achado no dia seguinte, no banco traseiro do seu Punto, no Bairro Califórnia, também na Região Noroeste de BH. Maria Helena era dona de duas lojas de confecções no Barro Preto, Região Centro-Sul de BH. Ela foi estrangulada com o cinto de segurança do carro. Nada foi roubado, mas a família deu falta do telefone celular.
Outra vítima do maníaco foi a contadora Edna Cordeiro, que sumiu em 11 de outubro do ano passado. Ela saiu do trabalho, numa faculdade, e não chegou em casa, no Industrial. Seu carro foi achado no mesmo dia, próximo a uma favela do bairro, com a chave na ignição. No banco do passageiro estavam carteira, bolsa, cartão de crédito e documentos pessoais, intactos. Só o celular não foi encontrado. O corpo foi localizado no dia seguinte, por funcionários de uma mineradora, a 50 quilômetros de onde o carro estava, numa estrada de acesso ao Condomínio Retiro das Pedras, em Nova Lima, Grande BH. Não havia nenhum documento que identificasse o corpo, mas a vítima usava uma aliança com seu nome. Segundo a polícia, foi estrangulada com o colar que usava.
Investigação
O Instituto de Criminalística não conseguiu coletar amostras de esperma no corpo da comerciante Adina Feitor Porto, de 34, que sumiu em 27 de janeiro de 2009, no Bairro Lindéia, no Barreiro, e teve o corpo encontrado uma semana depois, numa estrada de terra em Sarzedo, Grande BH. O carro dela foi abandonado sem combustível na Via Expressa, no Bairro Camargos, Região Noroeste de BH, que fica ao lado dos bairros Califórnia e João Pinheiro, onde os corpos de Ana Carolina e Maria Helena foram localizados. A vítima também foi estrangulada.
Outro crime investigado pela polícia é o sumiço de uma estudante que em outubro do ano passado saiu de casa, no Barreiro, com destino à PUC Betim, onde estudava, e nunca mais foi vista. Seu carro foi achado no Barreiro.
Amarga lembrança
A Região Noroeste de BH, onde foram encontrados os corpos de duas das vítimas do maníaco, já foi palco de vários crimes contra mulheres, alguns dos quais ainda desafiam os investigadores. Entre 1999 e 2001, foram registrados 12 assassinatos e cinco vítimas continuam desaparecidas. Muitos casos ainda não foram esclarecidos e a polícia não descarta a possibilidade de ligação de crimes antigos com o maníaco que atacou no ano passado e que vem sendo procurado.
Fonte: Portal Uai

Capturar o assassino de Ana Carolina é fazer justiça social

Quando olhamos para esse histórico de morte e violência cometida contra essas mulheres lamentamos a triste realidade da violência de gênero. Como se não bastasse o flagelo da violência doméstica, agora a atuação de um possível serial killer causando pânico e medo em Belo Horizonte.
Recentemente o Brasil assistiu ao assassinato por arma de fogo da cabelereira de Belo Horizonte pelo seu ex-marido. O autor fugiu mas foi capturado e preso pela polícia. Essa resposta rápida de firme da polícia é uma forma de dizer que não mais será tolerada qualquer violência contra qualquer mulher. Infelizmente, somente os casos que ganham destaque na mídia possuem esse tratamento de resposta digna que deveria ser dispensado a todas as mulheres. Não acentuarei aqui as dificuldades da própria polícia em dar essa resposta a essa grande demanda, porém reconheço que há limitações e que deveriam ser corrigidas.
Identificar que Ana Carolina foi assassinada juntamente, porém em momentos distintos, por um serial killer é um grande avanço da investigação policial. Capturar esse criminoso é uma questão vital para manter a ordem e aplacar a insegurança social já em níveis, em determinados lugares, altos.
Prender o assassino de Ana Carolina certamente não fai trazer a jovem de volta, mas é urgente que se faça por uma questão de justiça social e de respeito para com a família.
André Silva




Serial Killer teria matado Ana Carolina de Menezes

Inteligência policial tenta rastrear maníaco

Pedro Ferreira - Estado de Minas
Publicação: 04/02/2010 07:31
Equipes dos serviços de inteligência das polícias Civil e Militar vêm trabalhando na área do Bairro Industrial, em Contagem, Grande BH, e em bairros próximos, em busca de pistas e informações que possam levar ao assassino em série que já violentou e matou pelo menos três mulheres no ano passado. Na Região do Barreiro, 10 suspeitos de envolvimento em estupro estão sendo monitorados pelo serviço reservado da Polícia Militar, na tentativa de identificar o maníaco. Conforme o Estado de Minas divulgou com exclusividade na terça-feira, exames do Instituto de Criminalística comprovam que é do mesmo homem o esperma encontrado nos corpos das três vítimas.
O suspeito ainda pode ter atacado outras duas mulheres em 2009. Para reforçar as investigações em andamento, um grupo especial envolvendo policiais, integrantes do Ministério Público e peritos será formado, a partir de reunião marcada para os próximos dias. A apuração – que segundo a polícia já conta com um retrato-falado – deve ainda ganhar o reforço da especialista em serial killers Ilana Casoy, que estuda o perfil desses matadores há quase 10 anos. De acordo com o site que a estudiosa mantém, sua colaboração é comumente solicitada pelas polícias de vários estados para ajudar na elaboração do perfil criminal de envolvidos em casos em andamento.
Como o Bairro Industrial, em Contagem, de onde eram as três vítimas comprovadamente atacadas pelo maníaco que age na Grande BH, faz divisa com o Bairro das Indústrias, no Barreiro, em Belo Horizonte, o major Cléber Geraldo Gonçalves, subcomandante do 41º Batalhão da PM, acredita que o assassino possa morar na região. Diante disso, o serviço de inteligência da unidade vem monitorando todos os suspeitos da área que já tiveram algum envolvimento com casos de violência sexual.
“Estamos dirigindo nossa atenção àqueles que já cumpriram pena por estupro, por tentativa, que já foram condenados por esses crimes e estão em liberdade condicional, assim como aqueles que cumprem pena em regime semiaberto e também os que respondem a inquérito em liberdade e aguardam julgamento pela Justiça”, disse o major. Os militares vêm apurando onde cada um dos suspeitos estava na data do assassinato das mulheres.
As empresárias Ana Carolina Assunção, de 27 anos, e Maria Helena Lopes Aguiar, de 48, assim como a contadora Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, de 35, foram abordadas pelo maníaco no Bairro Industrial. A primeira foi morta em abril; a segunda, em setembro e a terceira, em novembro do ano passado. Exames de DNA feitos no sêmen coletado nas vítimas confirmaram que a mesma pessoa cometeu os crimes. Os corpos de Ana Carolina e Maria Helena foram achados na Região Noroeste de BH e o de Edna, numa estrada de terra de Nova Lima, na região metropolitana.
O subcomandante do 41º BPM aguarda da Polícia Civil o retrato-falado de um possível suspeito de ter assassinado as três mulheres de Contagem. A imagem, que vem sendo mantida em sigilo pela polícia, refere-se a um homem visto por testemunha rondando o carro de uma das vítimas. Para o major, as características físicas facilitariam a identificação de suspeitos. Ele pede informações que possam ajudar nas investigações, mesmo que anonimamente, pelos telefones 181, 190 ou 197. “Estamos trabalhando 24 horas, abordando veículos, principalmente aqueles com casais”, disse o major. Segundo ele, estudos comprovam que, de cada 10 estupradores, seis cometem o crime mais de uma vez.
O delegado Frederico Abelha, da Delegacia de Homicídios do Barreiro, responsável pela investigação, confirmou ontem a existência do retrato-falado. De acordo com ele, equipes de agentes da Civil também se revezam nas apurações, que estão sendo mantidas 24 horas no Bairro Industrial. “Pela forma que agiu, o criminoso tem de conhecer a área. Ele não abordou as mulheres de forma aleatória, mas deve tê-las acompanhado por dois ou três dias. Se não mora no bairro, trabalha ou transita nele por algum motivo”, avaliou.
Nessa terça-feira, o assassinato de uma mulher em Betim, na Região Metropolitana de BH, levantou a suspeita de que o maníaco tivesse voltado a agir. Havia a hipótese de estupro seguido de morte e policiais civis e militares seguiram para o local do crime, mas as apurações preliminares não comprovaram violência sexual e indicaram que não havia coincidência com a forma de agir do assassino em série que atacou na vizinha Contagem.